Xi Jinping e Lula discutem autossuficiência e laços bilaterais Brasil-China
O presidente chinês, Xi Jinping, afirmou ao seu homólogo brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que China e Brasil podem servir como um exemplo de autossuficiência para o Sul Global. Essa declaração, feita durante um encontro bilateral, sublinha a crescente importância das relações entre as duas maiores economias do Sul e o potencial de cooperação em áreas estratégicas. Ambas as nações compartilham o desejo de fortalecer suas posições no cenário internacional, buscando maior autonomia em suas atividades econômicas e diplomáticas, o que se alinha com os interesses de outros países em desenvolvimento que buscam diversificar suas parcerias e reduzir a dependência de potências tradicionais. A visão de autossuficiência compartilhada por Xi e Lula pode impulsionar acordos em tecnologia, infraestrutura e finanças, fortalecendo a capacidade de ambos os países em moldar seu próprio desenvolvimento e influência no mundo.
A conversa entre os dois líderes também destacou o que o lado chinês descreve como o melhor momento nos laços bilaterais. Essa avaliação positiva é um indicativo do pragmatismo nas relações sino-brasileiras, onde interesses econômicos e estratégicos mútuos prevalecem. A China, como maior parceiro comercial do Brasil, tem um interesse intrínseco em manter e expandir essa relação. Para o Brasil, a parceria significa acesso a um mercado vasto e investimentos cruciais para seu crescimento. A menção de novos negócios sugere que os acordos em andamento podem ser ampliados ou novos setores de cooperação identificados, possivelmente incluindo áreas como energia renovável, agricultura sustentável e desenvolvimento digital, alinhando os objetivos nacionais com as capacidades e demandas da China.
Em um contexto internacional marcado por incertezas e pela ascensão de discursos protecionistas em algumas nações desenvolvidas, a estratégia de autossuficiência, quando aplicada em conjunto por países como Brasil e China, pode significar uma maior capacidade de resistir a choques externos e de impulsionar o desenvolvimento interno sem pressões indevidas. Essa abordagem não exclui a cooperação internacional, mas a reorienta para parcerias mais equitativas e mutuamente benéficas, promovendo um modelo de desenvolvimento mais inclusivo e voltado para as necessidades do Sul Global. A declaração de Xi, nesse sentido, é um convite à ação conjunta e à consolidação de um bloco de influência autônomo.
A alusão feita por Gleisi Hoffmann, presidente do PT, sobre a não interferência da China em assuntos internos, contrastando com a experiência brasileira com outras potências, ressalta um ponto sensível nas relações internacionais contemporâneas. A soberania e a não ingerência são princípios fundamentais do direito internacional, e a percepção brasileira de que a China respeita tais princípios pode fortalecer a confiança mútua. Em contraste com experiências passadas de interferência, a postura chinesa, segundo essa visão, oferece um modelo de relacionamento baseado no respeito mútuo e na cooperação técnica e econômica sem condicionalidades políticas explícitas, o que é particularmente atraente para países que buscam consolidar sua autonomia política e econômica.