O renomado cientista político Steven Levitsky, conhecido mundialmente por sua obra seminal Como as Democracias Morrem, esteve em Brasília para uma série de eventos e palestras que abordaram o delicado estado das democracias contemporâneas. Em suas falas, Levitsky fez questão de destacar e elogiar a atuação das instituições democráticas brasileiras, especialmente o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Senado, que, segundo ele, têm demonstrado uma capacidade notável de resistir a pressões e defender o Estado de Direito em um cenário global turbulento. Ele ressaltou que a força das instituições é um pilar fundamental para a sobrevivência da democracia, especialmente em países que enfrentam o espectro do autoritarismo. Levitsky enfatizou que as instituições brasileiras, apesar dos desafios, têm servido como um importante contraponto às tendências antidemocráticas, oferecendo um modelo de resiliência que merece ser reconhecido e fortalecido. A análise do professor de Harvard se alinha com a visão de que a saúde democrática de uma nação não se mede apenas pela realização de eleições, mas pela robustez e independência de seus poderes constituídos. Ele lembrou que as democracias não morrem de uma hora para a outra, mas de um processo gradual de erosão das normas e instituições que as sustentam, e que a vigilância cívica é essencial. Levitsky também aproveitou a oportunidade para emitir críticas contundentes à política externa americana sob a administração de Donald Trump, afirmando que os Estados Unidos puniram o Brasil por ações que eles mesmos deveriam ter evitado. Essa declaração sugere uma crítica à hipocrisia ou a um duplo padrão nas relações internacionais, onde um país forte dita regras, mas não as segue quando conveniente. A comparação implícita entre a defesa da democracia no Brasil e nos EUA aponta para um questionamento sobre a liderança americana no cenário mundial de direitos humanos e democracia, sugerindo que o Brasil, em certos aspectos, tem demonstrado um compromisso mais firme com os princípios democráticos. Sua análise oferece uma perspectiva interessante sobre a dinâmica política brasileira, colocando-a em comparação com o panorama internacional, e convida à reflexão sobre os caminhos e desafios da democracia no século XXI. O debate sobre a regulação das redes sociais também foi um ponto crucial de sua intervenção, onde Levitsky defendeu a necessidade de um equilíbrio entre a liberdade de expressão e o combate à desinformação e ao discurso de ódio, um dilema cada vez mais premente em sociedades digitalizadas. A regulação de plataformas digitais é vista como uma ferramenta essencial para mitigar os riscos de manipulação política e polarização social, mas que deve ser guiada pela prudência para não cercear o debate público.