Vendas no Varejo Brasileiro Registram Leve Queda de 0,1% em Junho, Indicando Desaceleração e Impacto dos Juros Altos
As vendas no comércio varejista brasileiro registraram uma queda modesta de 0,1% em junho, de acordo com os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este recuo marca o terceiro mês consecutivo de desempenho negativo para o setor, sinalizando uma desaceleração significativa no ritmo de crescimento observado anteriormente. Apesar da retração mensal, o acumulado do ano e dos últimos doze meses ainda apresenta resultados positivos, com o volume de vendas 9,3% acima do patamar pré-pandemia, o que demonstra uma recuperação robusta desde os períodos mais críticos da crise sanitária.
O cenário econômico atual, marcado pela persistência de taxas de juros elevadas, é apontado por diversas entidades, como a FecomercioSP, como um dos principais fatores que impactam diretamente o desempenho do varejo. Os juros altos encarecem o crédito, dificultando o acesso a financiamentos para a compra de bens duráveis e serviços, além de desestimularem o consumo em geral, uma vez que a rentabilidade de investimentos conservadores se torna mais atrativa. Essa conjuntura pressiona o bolso do consumidor, que tende a reduzir seus gastos em um ambiente de maior incerteza e custo de capital.
A continuidade da desaceleração nas vendas fortalece as expectativas do mercado em relação a um possível corte na taxa básica de juros (Selic) nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). Analistas econômicos avaliam que a trajetória de queda nos preços ao consumidor, combinada com a moderação na atividade econômica, pode abrir espaço para uma política monetária mais expansionista. Um ciclo de afrouxamento monetário tende a impulsionar a demanda agregada, reduzindo o custo do crédito e estimulando o consumo e o investimento, o que seria benéfico para a recuperação mais vigorosa do setor varejista e da economia como um todo.
É importante observar que o desempenho do varejo é heterogêneo entre os diferentes segmentos. Enquanto alguns setores mais sensíveis à renda e ao crédito podem estar enfrentando maiores dificuldades, outros, especialmente aqueles ligados a bens essenciais ou com menor dependência de financiamento, podem apresentar maior resiliência. A influência das políticas governamentais, como programas de transferência de renda e medidas de incentivo ao crédito, também desempenha um papel crucial na sustentação do consumo em cenários desafiadores. A análise detalhada por subsetores do varejo é fundamental para uma compreensão completa do panorama e para a formulação de estratégias adequadas para o futuro.