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Servidores de Minas Gerais protestam contra PEC de privatizações com mordaças

Servidores públicos do Estado de Minas Gerais realizaram um protesto simbólico vestidos com mordaças, demonstrando sua oposição à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que tramita na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A proposta, apresentada pelo governador Romeu Zema, visa remover a exigência de consulta popular, através de referendo, para a privatização de empresas estatais. Esta medida tem gerado grande preocupação entre os trabalhadores e setores da sociedade civil, que argumentam que a venda de companhias como a Copasa pode comprometer a qualidade e o acesso a serviços essenciais para a população. O ato realizado demonstra a insatisfação e o receio de que a voz dos cidadãos seja silenciada no processo de alienação do patrimônio público.O debate em torno da PEC tem sido intenso. Recentemente, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da ALMG adiou por três reuniões consecutivas a votação da emenda, um indicativo das divisões e da complexidade do tema dentro do parlamento estadual. A oposição à PEC argumenta que a consulta popular é um direito democrático fundamental e que qualquer decisão sobre a privatização de estatais deve contar com o aval direto da população. Defensores da proposta, por outro lado, apontam a necessidade de agilizar os processos de desestatização para atrair investimentos e modernizar a gestão dessas empresas, visando o desenvolvimento econômico do estado. O impasse na CCJ reflete a polarização entre a visão de um Estado menor e mais enxuto e a defesa de empresas públicas como instrumentos de interesse social e soberania.A situação da Copasa, companhia de saneamento básico de Minas Gerais, tem sido um dos focos centrais dessa discussão. Análises de mercado e opiniões de especialistas divergiram quanto aos impactos da potencial privatização. Enquanto alguns, como a Genial Analisa, veem a movimentação do governo como uma tentativa de remover barreiras para a venda, outros, como o portal Visões Populares em entrevista ao Brasil de Fato, criticam duramente o que chamam de “incapacidade” de Zema e a necessidade de defender a Copasa, ressaltando sua importância estratégica e social para o estado. Essa divergência de análises acentua a complexidade do debate sobre a gestão pública versus a gestão privada de ativos estatais.A resistência manifestada pelos servidores, com o uso das mordaças, simboliza a percepção de que a democracia e a participação popular estão sendo restringidas. A luta pela manutenção dos referendos como mecanismo de controle social sobre decisões de grande impacto público ganha força, alimentada pela crença de que a privatização sem amplo debate pode levar à deterioração de serviços públicos e ao aumento das desigualdades sociais. O desfecho dessa PEC na ALMG será crucial para definir os rumos da política de desestatização em Minas Gerais e o nível de influência que a sociedade civil terá nessas decisões. A expectativa é de que os protestos e debates continuem a moldar o cenário político e econômico do estado nos próximos meses, com os servidores e a população buscando garantir que seus direitos e interesses sejam considerados.