Renato Paiva é demitido do Botafogo e lista de problemas se acumula com Textor
A notícia da demissão de Renato Paiva como técnico do Botafogo pegou o elenco alvinegro de surpresa, com alguns jogadores descobrindo a decisão através da imprensa e das redes sociais. Essa comunicação falha reflete um problema mais profundo na gestão da SAF, que tem visto uma rotatividade expressiva de treinadores desde a chegada de John Textor. O empresário americano já passou por sete comandantes em um curto período, evidenciando a dificuldade em encontrar estabilidade e um projeto de longo prazo no clube carioca. A instabilidade gerada por essas mudanças constantes invariavelmente impacta o desempenho em campo e a moral do grupo de jogadores, que se vêem em um ambiente de constante incerteza.
Em sua coletiva de despedida, Renato Paiva mencionou ter se recusado a aceitar interferências diretas de John Textor na escalação da equipe durante os jogos. Essa declaração aponta para um embate de visões e metodologias entre o treinador e o proprietário da SAF. Acreditava-se que a contratação de um técnico europeu traria um padrão tático e uma filosofia de trabalho moderna, mas a interferência direta em decisões técnicas cruciais como definições de time titular pode minar a autoridade do comandante e criar um ambiente propício a conflitos internos. Essa situação não é incomum em clubes com gestão mais centralizadora, mas costuma ser maléfica para o desenvolvimento esportivo.
A análise tática do trabalho de Renato Paiva no Botafogo também revela suas limitações em alguns aspectos. A insistência em utilizar três volantes na maioria dos 11 jogos em que esteve à frente da equipe, com um aproveitamento de apenas três vitórias, sugere uma rigidez que pode ter sido um fator determinante para os resultados insatisfatórios. Embora a preocupação com a solidez defensiva seja legítima, a falta de criatividade e de poder de fogo no ataque pode ter sido uma consequência direta dessa formação, o que se agravou após a eliminação do time em competições importantes.
Com a saída de Paiva, o Botafogo se vê novamente em busca de um novo comandante, adicionando mais um nome à lista de oportunidades perdidas sob a gestão de Textor. Já circulam nomes de possíveis substitutos, mas o fundamental para o clube agora é estabelecer um plano de trabalho claro, dar autonomia aos profissionais escolhidos e, mais importante, demonstrar a capacidade de manter um projeto consistente. A história recente da SAF do Botafogo mostra que a solução não está apenas na troca de técnicos, mas sim em uma reestruturação que priorize a estabilidade e a construção de um trabalho sólido a longo prazo, algo que ainda parece distante com as constantes turbulências nos bastidores.