A política nacional de data centers, impulsionada por um apetite crescente por infraestrutura digital, projeta isenções tributárias na ordem de R$ 700 bilhões, um valor expressivo que levanta debates sobre a sustentabilidade fiscal e a atratividade do setor. Essa estratégia, embora vise atrair investimentos e posicionar o Brasil como um hub de dados na América Latina, esbarra em um cenário macroeconômico desafiador, marcado pela necessidade de ajuste fiscal. O governo enfrenta a delicada tarefa de equilibrar estímulos econômicos com a responsabilidade fiscal, buscando garantir que os benefícios oferecidos por meio de incentivos fiscais sejam compatíveis com a capacidade de arrecadação e as demandas sociais do país. A corrida pela expansão dos data centers no Brasil evidencia a importância estratégica desses empreendimentos para a economia digital, com empresas de tecnologia e infraestrutura disputando espaço para atender à crescente demanda por armazenamento e processamento de dados. O crescimento esperado acima da média do mercado demonstra o potencial de um setor que é fundamental para a digitalização de serviços, a inteligência artificial e a computação em nuvem, pilares da economia do futuro. A ausência de uma estratégia nacional clara e coesa para a infraestrutura de dados tem sido uma lacuna significativa. A articulação entre diferentes esferas governamentais, o setor privado e a academia é crucial para a formulação de políticas que promovam um ambiente favorável ao desenvolvimento de data centers, desde a oferta de energia limpa e acessível até a capacitação de mão de obra qualificada e a simplificação regulatória. A política brasileira para data centers também se insere em um contexto geopolítico complexo, onde as relações com os Estados Unidos e a busca por autonomia tecnológica se tornam fatores relevantes. A dificuldade em conciliar interesses nacionais com as dinâmicas globais de comando e controle de dados pode expor as tensões e os desafios que o Brasil enfrenta para definir sua posição no cenário internacional da infraestrutura digital, especialmente em relação a possíveis retaliações comerciais ou tecnológicas. O desenvolvimento de um marco regulatório robusto e uma política de infraestrutura de dados bem definida são peças-chave para capitalizar as oportunidades e mitigar os riscos associados à expansão dos data centers no país, garantindo que o crescimento do setor contribua efetivamente para o desenvolvimento econômico e a soberania digital brasileira.