A morte de Odete Roitman em “Vale Tudo” é um dos desfechos mais icônicos e chocantes da história da teledramaturgia brasileira. A cena, gravada com o caixão fechado, gerou um mistério que perdura até hoje, alimentando teorias e discussões entre fãs e críticos. A personagem, interpretada magistralmente por Beatriz Segall, era o epítome da vilania, uma matriarca fria e calculista cujas ações moviam o enredo da novela das oito da Rede Globo. Sua partida, embora dramática, era um ponto de virada crucial para o desfecho da trama.

Nas semanas que antecederam o final, a ansiedade do público para desvendar o assassino de Odete era palpável. A novela, escrita por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, soube habilmente manipular as expectativas, apresentando múltiplos suspeitos e pistas falsas. A própria dificuldade em antecipar o culpado contribuiu para o sucesso estrondoso da novela, que atingiu índices de audiência recordes. A gravação das cenas finais, especialmente as do enterro, mobilizou o cemitério e atraiu a atenção da mídia, demonstrando o impacto cultural da obra.

A atriz Taís Araujo, que interpretou a personagem Raquel na novela, expressou incerteza sobre quem seria o responsável pela morte. Em entrevistas, ela mencionou que, apesar de não acreditar que sua personagem fosse a assassina, não tinha certeza de quem seria o verdadeiro culpado, refletindo a própria confusão intencional criada pelos autores. Essa atmosfera de suspense era parte fundamental da estratégia narrativa para manter o público engajado até o último capítulo, transformando a novela em um fenômeno de audiência e debate.

Ao longo da novela, Odete Roitman se envolveu em intrigas complexas, disputas de poder e chantagens, acumulando uma legião de inimigos. A trajetória de Maria de Fátima, interpretada por Gloria Pires, foi uma das mais marcantes, com sua ambição desmedida a levando a cometer atos questionáveis na busca por ascensão social e riqueza. O confronto entre essas duas forças antagônicas foi o motor da trama, culminando em um desfecho que, embora mantenha a identidade do assassino em segredo para o espectador até certo ponto, encerra as sagas de seus personagens de forma definitiva e impactante. A queda triunfal de Maria de Fátima, em particular, foi um dos muitos arcos que se desdobraram a partir da constante tensão gerada pela presença e pelas ações de Odete Roitman.