Megaoperações no Rio: Entre a Retórica e a Realidade da Segurança Pública
A recente onda de megaoperações de segurança pública no Rio de Janeiro tem gerado um intenso debate, não apenas sobre sua eficácia na contenção do crime organizado, mas também sobre a própria nomenclatura utilizada para descrevê-las. Expressões como “megaoperação encurralou a esquerda” e a emulação de discursos de líderes internacionais como Donald Trump, Nayib Bukele e Daniel Noboa, que frequentemente associam o combate ao terrorismo e ao tráfico de drogas a uma retórica de “guerra”, levantam questões sobre a estratégia por trás dessas ações. Essa linguagem, muitas vezes carregada de viés político, parece buscar legitimar intervenções mais ostensivas e potencialmente repressivas, alinhando-se a um discurso de lei e ordem que tem ganhado força em diversas partes do mundo. A comparação com as políticas de Trump nos EUA, que endureceu a retórica contra imigrantes e o crime, com as de Bukele em El Salvador, que resultaram em prisões em massa e um estado de exceção para combater gangues, e com as de Noboa no Equador, que declarou um conflito armado interno contra o crime organizado, sugere uma busca por modelos de gestão de segurança que priorizam a força sobre abordagens mais multifacetadas. A apropriação dessa terminologia pela política brasileira, especialmente em um contexto de polarização, pode obscurecer a análise objetiva da situação da segurança pública e desviar o foco de questões estruturais.