O dia 26 de setembro é celebrado o Dia de São Cosme e Damião, uma data que, no Brasil, se tornou sinônimo de distribuição de gostosuras, especialmente para as crianças. A tradição de oferecer saquinhos de doces tem raízes religiosas, mas se mesclou com aspectos culturais e populares ao longo do tempo, ganhando diferentes contornos em diversas regiões do país. A origem remonta aos santos gêmeos que, segundo a tradição cristã, foram médicos que atendiam a população de forma gratuita, mesmo sob perseguição. Por sua dedicação à cura e à caridade sem pedir pagamento, são venerados como protetores dos médicos e da medicina. A associação com os doces, no entanto, é mais complexa e envolve adaptações de crenças populares e a influência de festividades. Um dos aspectos que contribuem para essa associação é a influência do sincretismo religioso, onde elementos do catolicismo se misturam com outras crenças, como as de origem africana. Em algumas vertentes, Damião seria associado a Ibejis, divindades infantis do Candomblé que também são agraciadas com doces e brincadeiras. A expansão de correntes religiosas no Brasil também impactou a forma como a data é celebrada. Em um contexto de crescente influência evangélica e, por outro lado, a persistência de tradições católicas e afro-brasileiras, a celebração de Cosme e Damião tem se adaptado. Enquanto alguns grupos mantêm a distribuição de doces como uma forma de caridade e celebração, outros veem a data sob uma ótica diferente, refletindo a diversidade religiosa do país e os debates sobre o consumo excessivo de açúcar e suas implicações para a saúde infantil. A celebração de Cosme e Damião, portanto, transcende a simples distribuição de doces. Ela representa um mosaico de tradições, crenças e adaptações sociais que moldam a forma como essa data é vivenciada no Brasil, refletindo tanto a fé quanto a cultura popular em constante evolução. É um lembrete da resiliência das tradições e de como elas se reinventam para dialogar com os tempos atuais.