As chamadas silenciosas de spam se tornaram uma experiência frustrante e, por vezes, preocupante para muitos usuários de telefonia celular. A sensação de ter o aparelho tocando insistentemente para, logo em seguida, ser recebido com um silêncio sepulcral, é um prenúncio de que algo está errado. Essas chamadas são, na maioria das vezes, tentativas de contatar pessoas para fins comerciais agressivos ou, pior ainda, para aplicar golpes e fraudes. O padrão de toque sem resposta é frequentemente uma tática deliberada para atrair a atenção do indivíduo, aumentando a probabilidade de que ele retorne o contato ou atenda chamadas futuras da mesma origem, acreditando ser algo legítimo ou por pura curiosidade. A persistência dessas práticas, apesar das regulamentações e alertas dos órgãos de defesa do consumidor, reflete a dificuldade em rastrear e coibir a atuação de empresas ou indivíduos mal-intencionados que exploram a tecnologia para fins ilícitos. Um dos mecanismos mais comuns por trás dessas chamadas é o uso de sistemas automatizados de discagem, conhecidos como ‘robocalls’. Esses sistemas são programados para discar um grande volume de números simultaneamente. Quando um número atende, a chamada é encaminhada para um operador humano. No entanto, em muitos casos, devido à grande demanda e à tecnologia empregada, o sistema pode encaminhar a chamada para um operador que não está pronto ou que simplesmente não existe naquele momento. Isso resulta na chamada sendo encerrada abruptamente após um toque, ou na completa ausência de comunicação do outro lado. Essa eficiência questionável, do ponto de vista do usuário, é uma estratégia para maximizar o alcance com o mínimo de recursos, mesmo que isso gere uma experiência negativa. O Procon e outras entidades de defesa do consumidor frequentemente emitem alertas sobre o aumento de golpes realizados por telefone, muitas vezes utilizando o mesmo modus operandi das chamadas silenciosas. Golpistas podem usar essas ligações para coletar informações pessoais, como dados bancários, CPF e endereço, sob falsos pretextos, como prêmios inexistentes, dívidas falsas ou problemas com serviços. Em alguns casos, o silêncio inicial é apenas uma forma de testar a linha ou de os sistemas identificarem quais números estão ativos antes de aplicar o golpe de fato. Atender e desligar rapidamente, ou retornar a ligação para um número desconhecido, pode inadvertidamente confirmar ao spammer que seu número é válido e que você é um alvo potencial, aumentando a frequência de contatos indesejados. Para se proteger, é fundamental manter a cautela e evitar retornar chamadas de números desconhecidos, especialmente se a ligação for interrompida ou ocorrerem padrões suspeitos. Utilizar aplicativos de bloqueio de chamadas, cadastrar o número em listas de restrição de telemarketing (como o Não Me Perturbe no Brasil) e desconfiar de ofertas ou informações solicitadas por telefone são medidas eficazes. Familiarizar-se com as táticas de engenharia social que os golpistas utilizam pode ser o seu melhor escudo contra essas práticas invasivas e prejudiciais. A conscientização sobre o problema e suas causas é o primeiro passo para um uso mais seguro e tranquilo do seu aparelho celular.