Depressão cada vez mais vista como doença com bases biológicas, afirma especialista
A visão sobre a depressão tem passado por uma transformação significativa nas últimas décadas, afastando-se de estigmas e aproximando-se de um entendimento científico mais robusto. O psiquiatra Philip Gold, em recente declaração, ressaltou essa mudança de paradigma, enfatizando que a doença está sendo cada vez mais aceita como uma condição com claras causas biológicas, e não apenas como um reflexo de fraqueza pessoal ou circunstâncias externas. Essa percepção renovada é crucial para o diagnóstico precoce e o tratamento eficaz, pois incentiva a busca por ajuda médica e a adesão a terapias. A neurociência tem desempenhado um papel fundamental nesse avanço, desvendando as complexas interações de neurotransmissores, genética e alterações estruturais no cérebro que contribuem para o desenvolvimento da depressão. Estudos apontam para desequilíbrios em sistemas de serotonina, noradrenalina e dopamina, bem como alterações no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, responsável pela resposta ao estresse. Essas descobertas reforçam a ideia de que a depressão é uma enfermidade do cérebro que exige intervenção médica especializada. A evolução no tratamento acompanha essa compreensão biológica. Terapias farmacológicas, que visam reequilibrar os neurotransmissores, e abordagens psicoterapêuticas, como a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), que auxiliam na reestruturação de padrões de pensamento e comportamento, têm demonstrado alta eficácia. A combinação de ambos os métodos é frequentemente a estratégia mais indicada para casos moderados a graves, promovendo uma recuperação mais completa e duradoura. Além da medicação e da psicoterapia, outras abordagens como a estimulação magnética transcraniana (EMT) e a eletroconvulsoterapia (ECT) estão ganhando espaço para casos refratários, demonstrando o compromisso da medicina em oferecer um leque cada vez maior de possibilidades terapêuticas. É fundamental que a sociedade continue desmistificando a depressão, promovendo a conscientização sobre sua natureza biológica e incentivando indivíduos a procurar auxílio profissional sem receio de julgamento ou estigma. A aceitação dessa doença como uma condição médica real é o primeiro passo para garantir que todos que sofrem com ela tenham acesso ao cuidado necessário e possam retomar uma vida plena e saudável.