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Quadrinista retrata o rompimento da barragem de Mariana em nova HQ

A memória do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), ocorrido em 5 de novembro de 2015, ganha uma nova dimensão artística com a publicação de uma graphic novel que retrata o desastre ambiental. A obra aborda as devastadoras consequências da lama de rejeitos da Samarco, que destruiu comunidades e afetou ecossistemas ao longo do Rio Doce. A HQ busca dar voz às vítimas e trazer à tona a urgência da reparação e do reconhecimento das perdas materiais e imateriais sofridas pelos moradores da região, incluindo comunidades quilombolas e indígenas impactadas. Uma década após o evento, Bento Rodrigues, uma das comunidades mais afetadas, ainda exibe as marcas da tragédia, mostrando a lenta e complexa reconstrução. A reportagem em quadrinhos, intitulada Doce Amargo, é uma iniciativa de jornalismo que utiliza a linguagem visual para aprofundar a compreensão da dimensão humana e ambiental do desastre. A narrativa explora não apenas o evento em si, mas também as lutas contínuas das populações afetadas por justiça e reparação. As cidades do Espírito Santo que inicialmente recusaram o acordo com a Samarco agora buscam uma nova rodada de negociações, evidenciando a complexidade das relações entre as empresas responsáveis, o poder público e as comunidades impactadas. A historiografia do desastre é crucial para que as futuras gerações compreendam a magnitude do ocorrido e o longo caminho para a recuperação e para a prevenção de novas tragédias semelhantes. A persistência das cicatrizes, tanto no ambiente quanto na vida das pessoas, sublinha a importância contínua da fiscalização, da responsabilização e do apoio às comunidades afetadas. A arte, neste caso, se torna uma ferramenta poderosa de memória, denúncia e conscientização sobre um dos maiores desastres ambientais do Brasil, reforçando a necessidade de um planejamento e gestão mais rigorosos na indústria de mineração para proteger as populações e o meio ambiente. A obra transcende a simples narração dos fatos, mergulhando nas nuances de um processo de recuperação que se estende por anos, com desafios econômicos, sociais e psicológicos para as famílias atingidas, cujos modos de vida foram irrevogavelmente alterados pela tragédia da lama. A HQ serve como um legado documental e artístico, permitindo que a história do rompimento da barragem de Mariana e seus desdobramentos inspirem ações concretas em prol da sustentabilidade e da justiça ambiental em todo o mundo.