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Lipoproteína (a): a silenciosa ameaça cardiovascular que agora tem indicação de exame

A Lipoproteína (a), frequentemente referida como Lp(a), é uma lipoproteína de baixa densidade que contém uma apolipoproteína B-100 (semelhante ao LDL, o famoso colesterol ruim) e uma proteína adicional, a apolipoproteína (a). Essa estrutura única confere à Lp(a) características que a tornam particularmente perigosa para o sistema cardiovascular. Ao contrário do colesterol LDL, cujos níveis podem ser influenciados pela dieta e estilo de vida, os níveis de Lp(a) são predominantemente determinados pela genética, o que significa que os tratamentos convencionais para o colesterol nem sempre afetam sua concentração. Sua natureza silenciosa reside no fato de que ela não apresenta sintomas óbvios até que complicações graves, como ataques cardíacos ou derrames, já tenham se manifestado, tornando o diagnóstico precoce e a vigilância médica essenciais.

Cardiologistas têm alertado que a Lp(a) pode ser ainda mais prejudicial que o colesterol LDL em determinadas circunstâncias. Essa lipoproteína contribui para a aterosclerose, o acúmulo de placas de gordura nas artérias, de maneiras distintas do LDL. A Lp(a) pode interferir nos processos de coagulação sanguínea e inflamação vascular, além de promover o depósito de colesterol nas paredes arteriais. Estima-se que uma em cada cinco pessoas no mundo possua níveis elevados de Lp(a), o que as coloca em risco significativamente maior de desenvolver doenças cardiovasculares prematuras, como doença coronariana e acidente vascular cerebral (AVC), mesmo que seus níveis de LDL estejam dentro da normalidade. A falta de sintomas específicos para a Lp(a) reforça a necessidade de uma abordagem proativa na avaliação do risco cardiovascular.

A recente indicação de exames para a detecção da Lipoproteína (a) representa um avanço considerável na medicina preventiva. Essa mudança permite que médicos identifiquem indivíduos com predisposição genética a níveis elevados de Lp(a) e, consequentemente, a um risco aumentado de eventos cardiovasculares. A partir do diagnóstico, estratégias de monitoramento mais rigorosas e, em alguns casos, tratamentos específicos voltados para a redução da Lp(a) ou de seus efeitos, podem ser implementados. Essa nova ferramenta diagnóstica complementa outras medidas importantes, como o controle da pressão arterial, que também teve suas diretrizes recentemente atualizadas no Brasil, e a avaliação de outras categorias de risco, como o risco extremo de colesterol.

A redefinição das metas de colesterol e a inclusão de categorias de risco extremo, juntamente com a maior atenção à pressão arterial e agora à Lipoproteína (a), pintam um quadro mais completo e preciso do perfil cardiovascular de cada indivíduo. Essa abordagem multifacetada visa não apenas tratar doenças já estabelecidas, mas, sobretudo, prevenir sua ocorrência. A conscientização sobre a Lp(a) e a acessibilidade a exames que a detectam são passos cruciais para reduzir a carga global de doenças cardiovasculares, promovendo uma vida mais longa e saudável para um número maior de pessoas, especialmente aquelas com histórico familiar de problemas cardíacos precoces.