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Medicamento para o coracao volta a moda entre ansiosos e preocupa medicos

O propranolol, um beta-bloqueador originalmente desenvolvido para o tratamento de hipertensão arterial e outras condições cardiovasculares, tem ressurgido com força no contexto do manejo da ansiedade e do estresse. Médicos relatam um aumento na prescrição e até mesmo na automedicação com o fármaco por pessoas que buscam alívio rápido para sintomas de pânico, ansiedade social e nervosismo geral. Essa tendência, embora compreensível diante de um cenário social frequentemente estressante, tem gerado preocupação entre especialistas em saúde mental e cardiologia devido aos riscos associados ao uso inadequado, especialmente em indivíduos sem acompanhamento profissional adequado. O medicamento atua bloqueando os efeitos da adrenalina e noradrenalina no corpo, o que pode levar à redução da frequência cardíaca, da pressão arterial e da tremedeira, sintomas físicos frequentemente associados à ansiedade exacerbada. Por essa razão, ele tem sido considerado por alguns como uma solução eficaz para controlar manifestações agudas de ansiedade em situações específicas, como apresentações públicas ou eventos de grande estresse. Contudo, é fundamental ressaltar que o propranolol não trata a causa raiz dos transtornos de ansiedade, que geralmente requerem abordagens terapêuticas mais abrangentes, como psicoterapia e, em alguns casos, antidepressivos. O uso indiscriminado e sem supervisão médica pode acarretar efeitos colaterais significativos, incluindo hipotensão, bradicardia, fadiga, tontura, e em casos mais graves, pode desencadear ou agravar quadros de insuficiência cardíaca ou problemas respiratórios em pacientes predispostos. Além disso, a interrupção abrupta do tratamento pode levar a sintomas de abstinência, como o aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, e até mesmo o surgimento de dores no peito ou arritmias. A comunidade médica reitera a importância de buscar avaliação profissional para o diagnóstico correto e o desenvolvimento de um plano de tratamento individualizado e seguro, evitando a automedicação e o uso de medicamentos para alívio sintomático sem a devida orientação e acompanhamento. A busca por soluções rápidas para a ansiedade é compreensível, mas a saúde deve vir sempre em primeiro lugar, com tratamentos baseados em evidências e seguros.