Governo Zema Inclui Gasmig em Votação de PEC para Privatizar Copasa e Gera Controvérsia
A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) se prepara para a votação em segundo turno de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que pode abrir caminho para a privatização da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). O governo Romeu Zema busca aprovar a emenda, que visa a derrubada do referendo popular como etapa obrigatória para a alienação direta ou indireta de empresas controladas pelo estado. Uma novidade nesta etapa é a inclusão da Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig) no escopo da PEC, ampliando o alcance das possíveis privatizações e intensificando o debate público sobre a gestão dos bens estatais. A inclusão da Gasmig no texto, segundo analistas, pode ser uma estratégia do governo para angariar votos em um cenário de crescente resistência. A proposta original focava apenas na Copasa, mas a abrangência maior pode ser vista como uma tentativa de aglutinar interesses ou, como crítica, de disfarçar a intenção real por trás da manobra legislativa, criando a percepção de uma disputa mais ampla por bens estratégicos. A medida tem sido alvo de críticas contundentes por parte de trabalhadores, entidades sindicais, movimentos sociais e setores da sociedade civil, que veem na privatização um risco à soberania sobre a água e outros serviços essenciais, além de um atentado à vontade popular expressa em protestos e manifestações. Os argumentos contrários à PEC centram-se na importância estratégica da Copasa para o desenvolvimento social e econômico do estado e na necessidade de manter o controle público sobre recursos hídricos finitos. A Copasa, que atua em 625 municípios mineiros, é peça fundamental na garantia do acesso à água potável e ao saneamento básico, serviços de alta relevância social. A perspectiva de privatização levanta preocupações sobre o aumento de tarifas, a redução da qualidade dos serviços e a priorização do lucro em detrimento do atendimento à população, especialmente nas regiões mais carentes. A notícia de que o referendo popular seria mitigado ou removido como obstáculo para a venda de empresas controladas pelo Estado despertou uma onda de mobilizações em Minas Gerais. Trabalhadores da Copasa, em assembleias e atos públicos, já aprovaram a possibilidade de greve, demonstrando o forte engajamento da categoria contra o que consideram um retrocesso na proteção do patrimônio público. A mobilização não se restringe aos empregados da companhia; diversos grupos da sociedade civil organizada têm intensificado agendas em defesa da Copasa e contra a PEC, organizando protestos, atos e campanhas de conscientização para pressionar os deputados a votarem contra a emenda. O debate sobre a venda de estatais é complexo e envolve diferentes visões sobre o papel do Estado na economia e na prestação de serviços públicos. Defensores da privatização argumentam que a iniciativa privada pode trazer mais eficiência, investimentos e modernização, além de alívio para os cofres públicos com a venda de ativos. No entanto, críticos apontam que bens e serviços essenciais, como água e saneamento, possuem uma natureza estratégica e social que deve ser preservada sob controle estatal, garantindo universalidade e acessibilidade. A inclusão da Gasmig na disputa apenas adiciona mais uma camada de complexidade a este já acirrado debate, levantando questões sobre a política energética e o futuro do abastecimento de gás no estado. A população mineira acompanha atentamente os desdobramentos desta votação crucial para o futuro dos serviços públicos estaduais.