A troca de farpas entre o presidente colombiano Gustavo Petro e o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump ganhou contornos diplomáticos acirrados. Trump, em pronunciamento público, acusou Petro de ser um “líder do tráfico de drogas”, declaração que gerou forte repúdio por parte do governo colombiano. Petro não tardou em responder, utilizando suas redes sociais para classificar a postura de Trump como “grosseira e ignorante”, reiterando que tais acusações são infundadas e prejudicam as relações bilaterais. A Colômbia, historicamente um parceiro estratégico dos EUA na luta contra o narcotráfico, vê nas falas de Trump um desrespeito à soberania nacional e aos esforços empreendidos no combate às drogas. O governo colombiano tem focado suas políticas no desenvolvimento alternativo e na erradicação de cultivos ilícitos, buscando soluções estruturais para um problema complexo que afeta a região há décadas. A abordagem de Petro difere em alguns pontos daquelas adotadas por administrações anteriores, com maior ênfase na justiça social e na inclusão das comunidades rurais. A reação de Trump, por sua vez, reflete uma postura mais intervencionista e punitivista, que historicamente tem sido criticada por não considerar as nuances socioeconômicas que perpetuam o problema. As declarações de Trump parecem ignorar os avanços e as complexidades da atual política colombiana de paz e segurança, que busca desmantelar organizações criminosas e oferecer alternativas sustentáveis aos agricultores. A questão do narcotráfico na Colômbia é multifacetada, envolvendo fatores como desigualdade social, falta de oportunidades econômicas e a presença de grupos armados ilegais. As políticas de erradicação forçada, embora tenham sido um pilar em gestões passadas, muitas vezes levaram a conflitos agrários e deslocamento de populações, sem necessariamente resolver o problema em sua raiz. A estratégia de Petro, que visa a substituição voluntária de cultivos ilícitos por outras culturas economicamente viáveis e a reinserção social de ex-combatentes, busca abordar esses aspectos negligenciados. Ao rotular o presidente de um país aliado como “líder do tráfico”, Trump não apenas ataca a figura de Petro, mas também deslegitima os esforços de todo um país em busca de paz e desenvolvimento.