Em celebração ao Dia Mundial do Coração, especialistas alertam para um fator frequentemente subestimado na saúde cardiovascular: a qualidade do sono. Pesquisas recentes e o consenso médico indicam que distúrbios do sono, como a apneia obstrutiva do sono e o ronco excessivo, podem triplicar o risco de desenvolvimento de eventos cardiovasculares graves, incluindo infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC). A privação crônica de sono ou o sono fragmentado afetam negativamente diversos sistemas do corpo, especialmente o sistema cardiovascular, elevando a pressão arterial, aumentando a inflamação e desregulando o metabolismo. A apneia do sono, caracterizada por pausas na respiração durante o sono, leva a quedas abruptas nos níveis de oxigênio no sangue e a despertares frequentes, sobrecarregando o coração e os vasos sanguíneos. Essa condição, muitas vezes associada ao ronco alto e intermitente, é um sinal de alerta que não deve ser ignorado. O reconhecimento e o tratamento precoce desses distúrbios são fundamentais para a prevenção de doenças cardíacas e neurológicas. A relação entre sono e saúde cardíaca é um campo de estudo crescente. Não se trata apenas de dormir horas suficientes, mas de garantir um sono reparador e contínuo. A má qualidade do sono pode levar a um aumento da resistência à insulina, contribuindo para o desenvolvimento de diabetes tipo 2, e favorecer o acúmulo de placas nas artérias (aterosclerose), fatores de risco bem estabelecidos para infartos e AVCs. Mudanças no estilo de vida, como a manutenção de um peso saudável, a prática regular de exercícios físicos e a evitação de álcool e tabaco antes de dormir, podem melhorar a qualidade do sono e, consequentemente, proteger o coração. Diante da crescente conscientização sobre a importância do sono para a saúde geral, simpósios e eventos médicos têm sido realizados para discutir os distúrbios do sono e suas complexas interconexões com outras doenças. A diferenciação entre um ronco simples e a apneia do sono é um passo crucial para buscar ajuda médica adequada. Profissionais de saúde recomendam que indivíduos que roncam alto, sentem sonolência diurna excessiva ou têm histórico familiar de problemas cardíacos busquem avaliação médica especializada para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento individualizado. A tecnologia também avança no diagnóstico e monitoramento desses distúrbios, com dispositivos que auxiliam no acompanhamento da saúde do sono em casa. A prevenção primária de doenças cardiovasculares deve, portanto, incluir uma abordagem holística que abranja, de forma proeminente, a higiene do sono e o tratamento de quaisquer anormalidades respiratórias durante o repouso noturno.