Grandes construtoras nacionais anunciaram sua desistência em participar do leilão para a construção do Túnel Santos-Guarujá, um megaprojeto de infraestrutura que visa conectar os municípios de Santos e Guarujá, em São Paulo. A notícia, divulgada pela CNN Brasil, indica uma aposta maior de empresas internacionais no empreendimento, que promete ser o primeiro túnel submerso do Brasil. A decisão das empresas brasileiras levanta questões sobre o risco percebido ou a atratividade econômica do projeto para o mercado local, especialmente considerando o investimento bilionário previsto, estimado em R$ 6 bilhões. Outros veículos como O Globo confirmaram que o leilão contará com propostas europeias, sinalizando um possível domínio estrangeiro na execução da obra.

A tecnologia empregada na construção do túnel, conhecida como túnel imerso ou túnel submerso, é um fator de destaque no projeto e também de interesse técnico, como apontado pela Terra. Essa técnica consiste na fabricação de seções do túnel em ambiente seco, geralmente em diques especializados, e posterior flutuação dessas seções até o local da obra, onde são afundadas e conectadas no leito do rio ou mar. Embora inovadora para o Brasil, essa modalidade de construção subaquática já é amplamente utilizada em outras partes do mundo, apresentando desafios logísticos e de engenharia significativos, mas também vantagens em termos de velocidade de construção em comparação com métodos de perfuração.

Um ponto controverso do projeto, como destacado pelo CPG Click Petróleo e Gás, é o impacto ambiental, com a previsão de desmatamento de 105 mil metros quadrados de Mata Atlântica para a realização da obra e suas acessorias. A alocação de uma área de preservação tão significativa para um empreendimento de infraestrutura levanta debates sobre a sustentabilidade e a compensação ambiental necessária para mitigar os danos à biodiversidade local. A geração de 9 mil empregos diretos e indiretos é apresentada como um benefício econômico importante para a região, mas a relação custo-benefício ambiental-social será um fator crucial na avaliação pública e técnica do projeto.

A Gazeta do Povo, ao noticiar as ofertas europeias, reforça a entrada de capitais estrangeiros no setor de infraestrutura brasileiro. Essa participação internacional pode trazer expertise técnica, acesso a financiamentos globais e um novo dinamismo para grandes obras no país. Contudo, a ausência de grandes players nacionais pode indicar uma necessidade de revisão dos modelos de parcerias público-privadas ou das condições ofertadas em leilões de infraestrutura para garantir uma maior competitividade e participação local em projetos estratégicos como o Túnel Santos-Guarujá.