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Terras Raras: O Potencial Estratégico do Brasil na Nova Ordem Geopolítica

A Elevação do Rio Grande, uma formação geológica submarina localizada na costa brasileira, tem se mostrado um tesouro de minerais estratégicos, entre eles as terras raras. Essas terras raras são um conjunto de 17 elementos químicos essenciais para a fabricação de produtos de alta tecnologia, como smartphones, veículos elétricos, turbinas eólicas e equipamentos militares. A descoberta em águas brasileiras, ainda em fase de exploração e com desafios logísticos e ambientais a serem superados, surge em um momento crucial de reconfiguração geoeconômica mundial, onde a disputa por esses insumos se acirra entre as grandes potências. O Brasil, possuindo uma das maiores reservas do mundo, tem a oportunidade de se posicionar como um fornecedor estratégico, mas precisa de investimento e política clara para viabilizar a exploração sustentável e agregar valor à sua produção, evitando ser meramente um exportador de matéria-prima.

O recente “tarifaço” promovido pelos Estados Unidos contra a China intensifica a busca americana por alternativas ao fornecimento chinês, que detém o monopólio em grande parte da cadeia produtiva das terras raras. O ex-presidente Donald Trump demonstrou particular interesse em garantir o suprimento desses minerais, vistos como fundamentais para a segurança nacional e o avanço tecnológico americano. Essa política externa agressiva abriu espaço para que outros países, como o Brasil, possam negociar em posição de vantagem. No entanto, é vital que o Brasil não caia na armadilha de simplesmente suprir a demanda externa sem desenvolver sua própria capacidade industrial e tecnológica, o que limitaria enormemente os benefícios econômicos e estratégicos a longo prazo. A atual mineradora de terras raras no Brasil, com capital norte-americano, e sua orientação de exportação para a China, levanta questionamentos sobre este modelo.

A exploração das terras raras na Elevação do Rio Grande, embora promissora, apresenta complexidades técnicas e ambientais significativas. A profundidade da jazida e a necessidade de tecnologias de mineração submarina exigem investimentos vultosos e pesquisa avançada. Além disso, a fragilidade dos ecossistemas marinhos em que esses minerais se encontram demanda rigorosos estudos de impacto ambiental e métodos de extração que minimizem os danos. Especialistas alertam para a necessidade de um planejamento cuidadoso, que inclua a participação da comunidade científica e a avaliação minuciosa dos riscos antes de qualquer decisão de exploração em larga escala. A regulamentação e fiscalização eficazes serão cruciais para garantir que essa riqueza natural se traduza em desenvolvimento sustentável e não em degradação ambiental.

O papel do Brasil nesse novo xadrez geopolítico dos minerais estratégicos depende intrinsecamente de sua capacidade de articulação política, investimento em pesquisa e desenvolvimento, e a criação de uma política industrial robusta. A nacionalização do conhecimento e da tecnologia associados à mineração e ao processamento de terras raras é fundamental para que o país possa usufruir de todo o potencial econômico e estratégico dessa abundância natural. A busca por parcerias estratégicas, que incluam a transferência de tecnologia e a capacitação de mão de obra local, pode ser um caminho interessante. Contudo, é imperativo que o Brasil priorize o interesse nacional, construindo uma cadeia de valor que beneficie a sociedade brasileira como um todo, desde a geração de empregos qualificados até o fortalecimento da ciência, tecnologia e inovação do país, posicionando-o de forma soberana no cenário internacional.