Brasil deixa aliança em memória do Holocausto: Moro critica decisão e Israel se manifesta
A decisão do governo Lula de retirar o Brasil da Aliança Internacional de Memória do Holocausto (IHRA) tem gerado repercussão política e diplomática. Sergio Moro, ex-juiz e senador, classificou a medida como “mais um vexame” para o país, expressando sua insatisfação com o afastamento de uma iniciativa dedicada a preservar a memória de um dos eventos mais trágicos da história humana. A participação na IHRA era vista como um compromisso com a educação sobre o Holocausto, a promoção da tolerância e o combate ao antissemitismo. A saída do Brasil levanta questionamentos sobre os rumos da política externa em relação a temas sensíveis e de direitos humanos.
Em resposta à decisão brasileira, Israel, através de seu Ministério das Relações Exteriores, classificou como “profunda falha moral” o acionamento do país na ONU. A ação diplomática de Israel se refere a declarações do presidente Lula que compararam as ações de Israel na Faixa de Gaza ao Holocausto, durante um discurso em Adis Abeba. Essa comparação, vista por muitos historiadores e líderes políticos como inadequada e descontextualizada, intensificou as tensões entre os dois países e pode ter influenciado a decisão de se retirar da IHRA, embora o Itamaraty tenha justificado a saída por discordâncias técnicas e ideológicas relacionadas à atuação da própria aliança em outros contextos.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) também se manifestou sobre o assunto, indicando preocupação com a saída do Brasil de fóruns internacionais que promovem valores democráticos e direitos humanos. A OEA, em comunicado, ressaltou a importância da IHRA como um corpo multilateral dedicado a combater o negacionismo do Holocausto e a promover a conscientização sobre suas vítimas e perpetradores. A posição da OEA reforça a pressão internacional sobre o governo brasileiro para reavaliar sua participação em alianças estratégicas que visam proteger a memória histórica e prevenir futuras atrocidades.
O contexto dessa decisão se insere em um debate mais amplo sobre a posição do Brasil no cenário internacional e a forma como o país lida com questões complexas de direitos humanos e memória histórica. A saída da IHRA pode ser interpretada como um realinhamento da política externa brasileira, possivelmente buscando maior autonomia em temas sensíveis ou uma redefinição de suas prioridades diplomáticas. No entanto, as críticas de figuras políticas como Sergio Moro e as reações de países como Israel indicam que a medida pode ter custos significativos para a imagem e as relações internacionais do Brasil, especialmente no combate ao antissemitismo e na preservação da memória de eventos centrais para a compreensão das atrocidades do século XX.