Crise do IOF Aprofunda Desgaste de Haddad no Congresso e Gera Alinhamento Interno no Governo
A recente decisão do Congresso Nacional em derrubar o decreto que reintroduzia a cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre fundos de investimento e câmbio gerou uma crise institucional e aprofundou o desgaste político do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A medida, considerada essencial pelo governo para o cumprimento da meta fiscal, foi rejeitada em um movimento articulado principalmente pelo centrão, que tem na Câmara dos Deputados sua principal base de apoio, liderada pelo presidente Arthur Lira. Essa ação representa um revés significativo para a equipe econômica e para a estratégia de reequilíbrio das contas públicas delineada por Haddad.
O governo, por sua vez, buscou reagir à derrota no Legislativo através de instrumentos jurídicos. A Advocacia-Geral da União (AGU) anunciou que iria recorrer na Justiça contra a derrubada do decreto, buscando reverter a decisão e manter a cobrança do IOF. Paralelamente, o presidente Lula decidiu acionar o Supremo Tribunal Federal (STF), argumentando que a matéria do IOF é de iniciativa exclusiva do Poder Executivo e que o Congresso extrapolou suas competências ao sustar o decreto presidencial. Essa movimentação indica a intenção do governo de utilizar o Judiciário como contraponto à força do Legislativo, em uma tentativa de preservar sua capacidade de gestão econômica e fiscal.
A crise aberta pela derrubada do IOF expôs a fragilidade da base de apoio do governo no Congresso, especialmente em questões fiscais sensíveis. A articulação de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, que optaram por não publicar o ato conjunto que sustava o decreto, mas sim por iniciar a tramitação de um decreto legislativo para derrubá-lo, evidencia a estratégia do Legislativo em impor sua vontade e negociar condições mais favoráveis em troca de apoio. Nas últimas horas, o governo tentou baixar o tom e buscar um entendimento para evitar um aprofundamento do conflito, com movimentos de diálogo e conciliação.
Contudo, o episódio serviu para unificar internamente as diferentes alas do governo e reforçar o apoio a Fernando Haddad. Apesar das divergências e dos desafios de articulação, a necessidade de responder a um revés parlamentar significativo forçou um alinhamento em torno do ministro da Fazenda. A imprensa divulgou que, mesmo diante do desgaste ampliado, o governo se mostra determinado a buscar uma solução para a questão fiscal, seja através de negociações com o Congresso ou da manutenção da disputa jurídica. O desfecho dessa crise terá implicações importantes para a relação entre os poderes e para as perspectivas econômicas do país.