Cessar-fogo entre Israel e Hamas entra em vigor neste domingo; início da troca de reféns deve ocorrer nas próximas horas

Após a suspensão das hostilidades, espera-se que três mulheres sejam as primeiras reféns libertadas nesta primeira fase do pacto. 95 palestinos detidos também devem ser soltos. Manifestante Eli Bibas, em Tel Aviv, segura cartaz com a foto de seu neto, Kfir Bibas, bebê que foi sequestrado durante ataque terrorista do Hamas, em 7 de outubro de 2023,
Nir Elias/Reuters
Um cessar-fogo em Gaza entre Israel e o Hamas deve entrar em vigor na manhã deste domingo (19), às 8h30 no horário local (3h30 em Brasília), com a libertação de reféns a partir das 11h.
A pausa nas hostilidades visa a abrir caminho para o fim de uma guerra de 15 meses que abalou o Oriente Médio e deixou mais de 1,2 mil mortos em Israel e 46 mil em Gaza.
O acordo ocorre após meses de negociações mediadas por Egito, Catar e Estados Unidos.
Seu primeiro estágio durará seis semanas, durante as quais 33 dos 98 reféns ainda em poder do Hamas — mulheres, crianças, homens com mais de 50 anos, doentes e feridos — serão libertados em troca de quase 2.000 prisioneiros palestinos (nenhum deles envolvidos no ataque de 8 de outubro de 2023.)
Entre os que devem ser libertados está o refém mais jovem, Kfir Bibas, que completou dois anos no sábado (18). A criança se tornou um símbolo em Israel do desamparo diante da situação dos reféns.
Neste domingo, por volta das 11h em Brasília, espera-se que três reféns mulheres sejam libertadas. Na sequência, está prevista a liberação de 95 palestinos que estão sob custódia de Israel.
Os nomes das reféns não foram divulgados. O local em que elas serão entregues também não. O governo israelense preparou estruturas para recebê-las em 3 cidades – uma no norte, outra no centro e outra, no sul da fronteira com a da Faixa de Gaza (veja no infográfico abaixo).
Libertação de reféns em Gaza
Editoria de Arte/g1
Já o governo de Israel divulgou uma lista de cerca de 700 dos 2 mil palestinos que devem ser liberados. Entre eles, estão condenados por terrorismo no país. O conjunto dos prisioneiros inclui também, entretanto, pessoas sem relação com o ataque de 7 de outubro de 2023, que deu início ao conflito.
A expectativa é que, ao longo das próximas semanas, ocorram novas libertações semelhantes.
A fase final do acordo prevê a reconstrução da Faixa de Gaza, destruída na resposta de Israel ao ataque terrorista do Hamas, que governa o território palestino, mas é incerto se será possível chegar até ela.
Israel não aceita que o grupo terrorista mantenha o controle sobre o território e, no sábado (18), véspera do início do cessar-fogo, o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, disse que voltaria a atacar se necessário.
Netanyahu: Israel tem direito de retomar a guerra
Guerra em Gaza se espalhou pela região
Fora de Gaza, a guerra enviou ondas de choque pela região, desencadeando uma guerra com o grupo extremista libanês Hezbollah, apoiado por Teerã, e colocando Israel em conflito direto com seu arqui-inimigo Irã pela primeira vez.
Mais de um ano depois, o Oriente Médio foi transformado. O Irã, que gastou bilhões construindo uma rede de grupos militantes em torno de Israel, viu seu “Eixo da Resistência” destruído e foi incapaz de infligir mais do que danos mínimos a Israel em dois grandes ataques de mísseis.
O Hezbollah, cujo enorme arsenal de mísseis já foi visto como a maior ameaça a Israel, foi humilhado, com sua liderança principal morta e a maioria de seus mísseis e infraestrutura militar, destruída.
Também apoiada pelo Irã, a ditadura de Bashar al-Assad na Síria foi derrubado, deixando os militares de Israel efetivamente incontestados na região.
Por outro lado, na frente diplomática, Israel enfrentou indignação e isolamento pela morte e devastação deixadas em Gaza.
Netanyahu enfrenta um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional por alegações de crimes de guerra e acusações separadas de genocídio no Tribunal Internacional de Justiça.
Israel reagiu com fúria a ambos os casos, rejeitando as acusações como politicamente motivadas e criticando a África do Sul, que trouxe o caso original ao TPI, bem como os países que se juntaram a Pretoria.

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