Belém 409 anos: conheça as origens indígenas da primeira capital da Amazônia, que já foi povoada por Tupinambás

‘Mairí’ era como os indígenas que viviam na região chamavam o que atualmente a população conhece como Belém, mas que também já foi ‘Nossa Senhora de Belém do Grão-Pará’. Mercado do Ver-O-Peso, Belém, COP 30.
Augusto Miranda/Agência Pará
Belém completa 409 anos neste domingo (12). A cidade, fundada em 1616, é a primeira capital da Amazônia. Mas muito antes de receber este nome, o território, às margens da baía do Guajará, era habitado por povos indígenas, como os Tupinambás, que chamavam a região de “Mairí”.
Em um bate-papo com o g1, o professor e historiador Márcio Neco explicou que a palavra “Mairí”, da língua tupi, significa “ocupação”, além de expressar termos como “cidade” e “grupamento”.
Este nome refletia não apenas a presença física dos Tupinambás, mas também a organização social e cultural desenvolvida pelos habitantes originários. Confira abaixo a idade das capitais da Região Norte do Brasil:
Belém (Pará): Fundada em 1616, tem 409 anos.
Manaus (Amazonas): Fundada em 1669, tem 355 anos.
Macapá (Amapá): Fundada em 1758, tem 266 anos.
Rio Branco (Acre): Fundada em 1882, tem 142 anos.
Porto Velho (Rondônia): Fundada em 1914, tem 110 anos.
Boa Vista (Roraima): Fundada em 1943, tem 81 anos.
Palmas (Tocantins): Fundada em 1989, tem 35 anos.
✊🏾 Antes dos europeus: a ‘Mairí’
Antes da chegada dos colonizadores europeus, a região já era um importante centro de comércio e atividades de subsistência. Entre os séculos XIII e XIV, funcionava com base em um verdadeiro sistema de cacicados, com tarefas bem definidas entre homens e mulheres, explica o historiador Márcio Neco.
Belém do Pará vista de cima
Reprodução/Agência Pará
“Mairí significa ‘ocupação’. Ou seja, existiam outras ‘Mairís. A Mairí dos tupinambás (onde fica Belém) era um grande centro de comércio. Inclusive, existe a possibilidade deste depósito comercial ter sido onde atualmente é o Ver-o-Peso, e os portugueses teriam apenas ‘copiado’ este espaço e feito a feira, em 1624”, revelou.
A chegada dos portugueses, liderados por Francisco Caldeira Castelo Branco em 1616, marcou o início de um novo momento na região.
A Fundação de Belém
Thgeodoro Braga / Museu de Arte de Belém (MABE)
🎄 Fato histórico e curioso: a expedição que chegou a Belém, de Castelo Branco, partiu no dia 25 de dezembro de 1615, do Maranhão. Era dia de Natal.
“O líder dessa cidade que existia aqui (antes da chegada dos portugueses) era o cacique Guaimiaba. Em 7 de janeiro de 1619 (três anos após a vinda da expedição) ocorreu o levante do Forte do Castelo. Os tupinambás invadiram e destruíram o Forte, na tentativa de retomar o território. O cacique Guaimiaba foi morto naquele dia”, contou Márcio.
🙎🏽‍♀️ De Nossa Senhora de Belém do Grão-Pará a Belém
Complexo Feliz Luzitânia: Forte do Castelo e Casa das Onze Janelas.
João Ramid / O Liberal
Com a construção do Forte, com canhões apontados para o rio Guamá, o início de Belém tornou-se um ponto estratégico de ocupação e defesa da coroa portuguesa na Amazônia. Foi nesse contexto da presença de Portugal que o nome ‘Belém’ surgiu.
“Belém ganha uma referência religiosa muito importante, a católica”, afirmou o historiador Michel Pinho. Nas redes sociais, ele fala sobre os aspectos históricos e culturais do Pará – assista.
Professor e historiador fala sobre como surgiu o nome “Belém”
Segundo o professor Michel Pinho, o primeiro nome dado ao território pelos portugueses foi “Santa Maria de Belém do Grão-Pará”.
“Belém, lugar onde Jesus nasceu. Grão Pará, de ‘grande rio’, e ‘Santa Maria’, a sua referência religiosa”, detalhou o professor em um vídeo.
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Esta seria, segundo Márcio Neco, a forma mais poética, mais sentimental, de chamar o nome “original” dado pelos portugueses: Nossa Senhora de Belém do Grão Pará. A partir daí, houve uma “simplificação” ao usarem apenas Belém para se referir à cidade. E assim ficou.
Embora o nome “Mairí” não tenha perdurado ao longo do tempo, a história e a influência dos povos originários permanecem presentes na cultura de Belém.
Atualmente, traços dessa herança podem ser vistos em manifestações culturais, na culinária — como o açaí e o uso da mandioca e do tucupi — e em expressões populares da região, como o característico “Égua”.
Ao comemorar 409 anos, Belém é um lembrete da rica cultura que compõe sua identidade. De Mairí, dos Tupinambás, à metrópole amazônica que receberá a COP 30 neste ano, a cidade continua a carregar em suas ruas, rios e praças os ecos de sua história ancestral.
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