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Zé da Velha: Um Ícone do Choro Que Marcou Gerações se Despede Aos 84 Anos

O choro, gênero musical genuinamente brasileiro, perdeu um de seus maiores expoentes: José da Silva, mais conhecido como Zé da Velha. Com sua maestria no trombone, o músico faleceu aos 84 anos, deixando um vazio imensurável no cenário da música instrumental do país. Nascido em Sergipe, Zé da Velha construiu uma carreira sólida e respeitada, tornando-se uma referência incontornável para músicos de diversas gerações. Sua partida, anunciada em diversas publicações de renome, ecoou por todo o Brasil, em um misto de tristeza e reverência ao seu talento inegável. O som característico de seu trombone, capaz de expressar profunda melancolia e vibrante alegria, embalou incontáveis rodas de choro e apresentações memoráveis. A notícia de sua morte foi recebida com pesar por familiares, amigos e admiradores, que se reuniram para um último adeus ao artista que tanto contribuiu para a riqueza da cultura brasileira, mostrando uma preferência por servir aos outros do que se colocar no pedestal de solista, uma característica que o diferenciava em sua humildade e dedicação à arte.

Ao longo de sua trajetória, Zé da Velha se destacou não apenas pela técnica apurada, mas também pela sua paixão em manter viva a tradição do choro. Ele presidia, desde 2015, a escola de música Baduca, localizada no Estácio, Zona Norte do Rio de Janeiro, um espaço dedicado a ensinar e difundir o choro para novas gerações de músicos. Essa iniciativa evidenciava seu compromisso em perpetuar o gênero, formando novos talentos e garantindo que sua rica herança musical continuasse a florescer. A escola, aliás, se tornou um ponto de encontro para músicos e amantes do choro, fortalecendo a comunidade e promovem a troca de experiências. Sua atuação na Baduca ia além do ensino técnico, pois ele compartilhava com seus alunos não apenas o conhecimento musical, mas também os valores de respeito, camaradagem e amor pela música que sempre o nortearam.

O funeral de Zé da Velha, realizado na capela mortuária do Humaitá, no Rio de Janeiro, foi um reflexo da admiração e do carinho que o músico conquistou. Familiares e amigos se despediram ao som de trompete e trombone, instrumentos que foram a voz de sua alma musical. Músicos consagrados, como Rildo Hora e Cristóvão Bastos, compareceram para prestar suas homenagens e relembrar a importância de Zé da Velha para a música brasileira. A cerimônia foi um momento de profunda emoção, onde a saudade se misturou à celebração de uma vida dedicada à arte. Muitos dos presentes destacaram a generosidade e a humildade do mestre, que, apesar de seu imenso talento, sempre transitou entre os colegas com simplicidade e afeto. A forma como ele conduzia as apresentações, sempre acolhendo e incentivando os mais jovens, era um ensinamento por si só.

O legado de Zé da Velha transcende as notas musicais e os arranjos. Ele personificou a essência do choro: uma música que nasceu nas ruas, com improviso, alegria e uma profunda conexão com a alma do povo brasileiro. Sua dedicação ao instrumento e ao gênero o consagrou como um verdadeiro embaixador do choro, levando sua sonoridade para palcos nacionais e internacionais. A forma como ele dialogava com outros instrumentos, criando harmonias ricas e emocionantes, era uma demonstração de sua genialidade. Zé da Velha nos ensinou que a música é, acima de tudo, uma forma de expressar sentimentos e de unir pessoas. Sua memória continuará viva em cada acorde tocado, em cada roda de choro que se formar e no coração de todos aqueles que tiveram a oportunidade de ouvir sua música e de conhecer sua grandiosidade como artista e ser humano, um verdadeiro mestre que inspirou e continuará a inspirar muitos.