A quadra da Escola de Samba Império Serrano se transformou em um palco de emoções e despedidas nesta tarde, ao abrir seus portões para o velório do renomado sambista Arlindo Cruz. Milhares de fãs, amigos e familiares se reuniram para prestar as últimas homenagens ao artista, cuja trajetória no samba é sinônimo de alegria e poesia. A presença do público permite que todos que foram tocados pela obra de Arlindo possam compartilhar a dor e o carinho neste momento delicado. A atmosfera é de profunda comoção, mas também de celebração da vida e do legado deixado pelo cantor e compositor. O ritual conhecido como gurufim, marcado pela reza de um terço em agradecimento pela vida do falecido e em busca de conforto para a família, adiciona uma camada de espiritualidade à cerimônia. Essa prática ancestral, comum em diversas culturas, oferece um momento de reflexão e união para os presentes. A quadra, que tantas vezes foi palco de apresentações vibrantes de Arlindo, agora ecoa as preces e os lamentos, mas também as lembranças felizes de seus sucessos. Em uma cena particularmente tocante, o neto de Arlindo Cruz emocionou a todos ao pegar o banjo e tocar em homenagem ao avô, declarando que ele é “a estrela que mais vai brilhar”. Essa demonstração de afeto e talento, passada de geração em geração, simboliza a continuidade da herança musical e espiritual do artista. A música, que sempre foi a linguagem universal de Arlindo, une a família e os admiradores em um abraço de saudade e reconhecimento. Enquanto a despedida acontece, a questão da herança de Arlindo Cruz também surge, levantando o debate sobre seu valor e para quem ela será destinada. O acervo artístico e financeiro do músico representa não apenas seus bens, mas também o fruto de décadas de dedicação e talento. A gestão e a partilha desses bens, enquanto um aspecto prático, servem também para manter viva a memória e o trabalho do artista para as futuras gerações, garantindo que sua arte continue a inspirar e encantar. O legado de Arlindo Cruz transcende números e bens materiais. Ele reside na alegria que sua música proporcionou, nas histórias que contou e na forma como elevou o samba a um patamar de arte genuína. Sua obra continua a ecoar, e as homenagens em sua quadra de coração representam apenas uma fração do imenso amor e respeito que ele conquistou ao longo de sua brilhante carreira. Arlindo Cruz, sem dúvida, deixará uma marca indelével na cultura brasileira.