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Tornado devastador atinge Rio Bonito do Iguaçu com forte ligação à degradação ambiental

A força devastadora do tornado que atingiu Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, não apenas deixou um rastro de destruição, mas também lança luz sobre uma vulnerabilidade ambiental preocupante. A perda de 60% da Mata Atlântica na região nos últimos 30 anos cria um cenário propício para a intensificação de eventos climáticos extremos, como comprovam as imagens aéreas de câmeras de segurança que registraram o momento exato do fenômeno. Essa correlação entre desmatamento e eventos climáticos extremos é um tema recorrente na ciência, onde a vegetação nativa atua como uma barreira natural, absorvendo energia e minimizando os impactos de ventos fortes e chuvas intensas.

A consequência direta da perda da cobertura vegetal é a maior exposição do solo e das construções aos elementos. Sem a proteção das árvores, a força do vento se torna mais destrutiva, e a capacidade do solo de absorver água é reduzida, aumentando o risco de enchentes e deslizamentos em períodos de chuva intensa. A Mata Atlântica, um dos biomas mais ricos e ameaçados do Brasil, desempenha um papel crucial na regulação do clima local e regional, na proteção de nascentes e na manutenção da biodiversidade. Sua degradação contínua compromete não apenas o ecossistema, mas também a segurança e o bem-estar das comunidades que dependem dele.

Em resposta à tragédia, o governo estadual e federal estão implementando medidas emergenciais para apoiar os cerca de 3.500 desabrigados. A possibilidade de saque do FGTS para os moradores de Rio Bonito do Iguaçu, a partir da próxima terça-feira, além de um auxílio financeiro mensal de R$ 1.000 para famílias em situação de vulnerabilidade, visa mitigar os danos imediatos. No entanto, essas ações, embora essenciais, tratam apenas dos efeitos, e não das causas profundas que tornaram a comunidade tão suscetível a este tipo de desastre.

A reflexão sobre o aumento da frequência e intensidade de fenômenos climáticos extremos no Brasil, que já vinha sendo observada com ondas de calor, secas prolongadas e chuvas torrenciais em outras regiões, ganha agora a dramaticidade de um tornado no sul do país. A necessidade de um planejamento territorial mais robusto, com políticas públicas efetivas de conservação ambiental e reflorestamento, torna-se imperativa em todo o território nacional. Investir na preservação e restauração de ecossistemas como a Mata Atlântica não é apenas uma questão ecológica, mas também um investimento em segurança e resiliência para futuras gerações, garantindo a proteção contra as cada vez mais evidentes mudanças climáticas.