A Terra está girando mais rápido, um fenômeno que, embora sutil, pode ter implicações surpreendentes. Cientistas registraram que em 29 de junho de 2022, o dia teve 1,59 milissegundos a menos que a duração padrão de 24 horas. Este evento marca um ponto significativo na série histórica de medições da rotação terrestre, que começou em 1960. A aceleração da rotação, se continuar, pode forçar ajustes nos relógios atômicos que regulam o tempo global, introduzindo a necessidade de segundos bissextos negativos. Esses ajustes são cruciais para manter a sincronia entre o tempo civil (baseado na rotação da Terra) e o tempo atômico (extremamente preciso e independente de variações na rotação terrestre). A última vez que um segundo bissexto foi adicionado foi em 31 de dezembro de 2016, um ajuste positivo necessário para compensar a ligeira desaceleração da rotação em décadas passadas. Agora, a tendência parece ter se revertido, gerando questionamentos sobre a conveniência de remover segundos bissextos, uma medida que tem sido debatida na comunidade científica e em órgãos internacionais de metrologia. A remoção potencial dos segundos bissextos negativos levanta debates sobre a necessidade de sincronizar a escala de tempo civil com a rotação da Terra, considerada uma convenção artificial por alguns. A discussão envolve complexas questões de engenharia de software e hardware que dependem da precisão temporal. Muitos sistemas computacionais, especialmente aqueles que lidam com transações financeiras em alta frequência, são sensíveis a alterações bruscas e imprevisíveis no tempo. A introdução de um segundo bissexto negativo poderia potencialmente causar falhas e erros nesses sistemas, devido à forma como foram programados para lidar com incrementos de tempo. A possibilidade de não compensar mais a variação da rotação terrestre com segundos bissextos, retirando-os, é uma proposta que visa simplificar a gestão do tempo em um mundo cada vez mais digital e interconectado. No entanto, a decisão final sobre a implementação ou não de segundos bissextos negativos, assim como sobre a abolição completa dos segundos bissextos, será tomada pelo Bureau Internacional de Pesos e Medidas (BIPM), que monitora e coordena as normas metrológicas globais. O debate reflete a tensão entre a precisão científica e a praticidade da engenharia em nossa sociedade tecnologicamente avançada.