Michel Temer, ex-presidente do Brasil, declarou que a proposta de anistia para os envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 precisa ser repensada. A fala do ex-presidente surge em um momento delicado devido às sanções econômicas aplicadas pelos Estados Unidos contra membros da família do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Essa decisão norte-americana, que visa pressionar por resoluções políticas, adiciona uma nova camada de complexidade ao debate sobre a possível anistia, levantando questões sobre a autonomia do judiciário brasileiro e as relações internacionais. Temer, conhecido por seu pragmatismo político, parece indicar que o cenário pós-sanções exige uma reconsideração estratégica do que antes poderia ter sido uma via para a pacificação, mas que agora se torna um ponto de atrito adicional entre os Poderes da República e com o cenário internacional. A possibilidade de tornar inelegíveis os envolvidos no 8 de janeiro, conforme sugerido por Temer a um interlocutor, também aponta para uma busca por novas soluções que evitem a anistia ampla, mas que ainda assim visem a alguma forma de estabilização política, embora sem prometer a pacificação total desejada por alguns setores. A discussão sobre a dosimetria das penas e a possibilidade de acordos entre os envolvidos nas investigações, sem a inclusão do ex-presidente Jair Bolsonaro e com o apoio a Tarcísio de Freitas, também ganham contornos de uma disputa política pela narrativa e pelo futuro do país, demonstrando a dificuldade em se alcançar um consenso sobre os caminhos a serem trilhados após um evento de tamanha magnitude. É importante notar que a ideia de anistia, quando levantada, geralmente visa a permitir a superação de conflitos graves, mas a forma como é proposta e o contexto em que se insere podem determinar se ela contribui para essa superação ou se agrava as divisões existentes, especialmente quando há influências externas significativas no debate.