Os tapetes de Corpus Christi, verdadeiras obras de arte efêmeras, são uma manifestação vibrante da fé católica, especialmente celebrada na solenidade de Corpus Christi, que significa Corpo de Cristo. Essa tradição tem suas raízes na Europa medieval, remontando ao século XIII, quando a freira agostiniana Santa Juliana de Liège recebeu visões divinas que a inspiraram a criar uma festa dedicada à Eucaristia. A Igreja Católica, após anos de estudo e aprovação, oficializou a celebração, que gradualmente incorporou a prática de adornar as ruas com tapetes feitos de serragem colorida, flores, folhas e outros materiais orgânicos para a passagem da procissão do Santíssimo Sacramento. O ato simboliza o acolhimento e a reverência a Jesus Cristo presente na Hóstia consagrada, com os fiéis transformando o caminho do Redentor em um leito de honra.

A elaboração dos tapetes varia em termos de materiais e técnicas, mas a essência permanece a mesma: a devoção expressa através da arte. Em muitas cidades brasileiras, a confecção é um esforço comunitário que envolve paróquias, grupos de jovens, escolas e famílias, transformando a preparação em um momento de união e partilha. As imagens retratadas nos tapetes geralmente incluem símbolos eucarísticos como o cálice e a hóstia, passagens bíblicas, a figura de Jesus Cristo, santos e outros temas sagrados. A criatividade e a habilidade dos artesãos populares transformam as ruas em verdadeiras galerias a céu aberto, atraindo não apenas os religiosos, mas também turistas e curiosos interessados em testemunhar a beleza e a religiosidade da celebração.

No Brasil, essa tradição ganhou contornos próprios, enraizando-se profundamente na cultura popular e religiosa. Cidades como Caçapava em São Paulo, e outras em estados como Paraná e Minas Gerais, são conhecidas por seus elaborados tapetes, que chegam a cobrir quilômetros de extensão. A procissão que percorre esses tapetes é um momento de profunda espiritualidade, onde a comunidade caminha em oração, comungando e reforçando sua fé. A mensagem transmitida, como a do Dom Orlando Brandes, de que ao comungar nos tornamos hóstias vivas, ecoa a importância da presença de Cristo no cotidiano e a responsabilidade dos fiéis em levar essa vivência para o mundo.

A celebração de Corpus Christi com seus tapetes vai além de um simples evento religioso; é uma demonstração de arte popular, identidade cultural e fé coletiva. A efemeridade dos tapetes, que são desfeitos com a passagem da procissão e o passar do tempo, também carrega um significado espiritual, lembrando a transitoriedade das coisas terrenas em contraste com a eternidade de Deus. Essa tradição, passada de geração em geração, continua a encantar e a inspirar, mantendo viva a devoção à Eucaristia e o espírito comunitário que a sustenta.