Sol Corrói a Atmosfera de Marte Há Bilhões de Anos, Revela NASA
A força do Sol sobre a atmosfera de Marte é um fator determinante para a sua evolução e a perda de gases, especialmente aqueles mais leves como o hidrogênio e o oxigênio. A agência espacial americana NASA, por meio da sua missão MAVEN (Mars Atmosphere and Volatile Evolution), tem investigado os mecanismos pelos quais o planeta vermelho perdeu grande parte de sua atmosfera e água ao longo de 4 bilhões de anos. A pesquisa mais recente consolida a ideia de que o vento solar, um fluxo de partículas carregadas emitido pelo Sol, desempenha um papel crucial nesse processo de erosão atmosférica. Essa energia proveniente do Sol é capaz de arrancar átomos da atmosfera superior, impedindo a formação e manutenção de condições propícias à vida como a conhecemos.
O Sol emite constantemente um fluxo de partículas carregadas, conhecido como vento solar, que interage com os campos magnéticos e as atmosferas dos planetas. Em Marte, que não possui um campo magnético global protetor como o da Terra, o vento solar atinge diretamente sua atmosfera. As partículas energéticas do vento solar ionizam os átomos de gás na atmosfera marciana, transformando-os em íons. Esses íons são então capturados pelo vento solar e levados para o espaço. Esse processo, embora ocorra em menor escala na Terra devido ao nosso campo magnético, é significativamente amplificado em Marte, levando à lenta mas contínua perda de atmosfera.
A perda atmosférica em Marte teve implicações profundas para a sua habitabilidade. Acredita-se que, em seu passado distante, Marte possuía uma atmosfera mais densa e um clima mais quente, com a presença de água líquida em sua superfície. A erosão atmosférica causada pelo Sol, combinada com a falta de atividade geológica significativa e a perda de seu campo geomagnético, levou ao cenário atual de um planeta frio, seco e com uma atmosfera fina, predominantemente composta por dióxido de carbono. Essa compreensão é fundamental para os esforços contínuos de exploração do planeta, incluindo a busca por sinais de vida passada e a preparação para futuras missões tripuladas.
Os dados coletados pela sonda MAVEN são essenciais para a construção de modelos climáticos e atmosféricos mais precisos de Marte. Ao entender a taxa e os mecanismos de perda atmosférica, os cientistas podem reconstruir a história climática do planeta e determinar quais fatores contribuíram para a sua transformação de um mundo potencialmente mais acolhedor para um deserto gelado. Essa pesquisa não só aprofunda o nosso conhecimento sobre Marte, mas também oferece insights valiosos sobre a evolução de atmosferas planetárias em geral, incluindo considerações sobre a habitabilidade de exoplanetas em sistemas solares distantes.