A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta crucial sobre o avanço da resistência antimicrobiana (RAM), informando que aproximadamente uma em cada seis infecções bacterianas em todo o mundo já não responde aos tratamentos convencionais com antibióticos. Este fenômeno, muitas vezes descrito como um “colapso silencioso”, representa uma das maiores ameaças à saúde pública global. A RAM ocorre quando bactérias, vírus, fungos e parasitas sofrem mutações ao longo do tempo, tornando os medicamentos destinados a erradicá-los ineficazes. Em vez de matar ou impedir o crescimento dos microrganismos, os antibióticos se tornam impotentes, permitindo que as infecções persistam e se espalhem, tornando os tratamentos mais longos, caros e em muitos casos, fatais. O uso e abuso inadequado de antibióticos em humanos, animais e agricultura são os principais impulsionadores dessa crise. Pessoas que não concluem o ciclo completo de antibióticos prescrito, por exemplo, permitem que bactérias mais resistentes sobrevivam e se multipliquem. Da mesma forma, o uso generalizado de antibióticos na pecuária para promover o crescimento e prevenir doenças em condições muitas vezes insalubres contribui significativamente para a disseminação de superbactérias que podem eventualmente passar para os humanos. As consequências da resistência a antibióticos são vastas e preocupantes. Procedimentos médicos de rotina, como cirurgias, quimioterapia e transplantes de órgãos, que dependem da capacidade de tratar e prevenir infecções, tornam-se cada vez mais arriscados. Um corte simples ou uma infecção pós-operatória que antes seria facilmente tratada, pode se tornar uma condição de risco de vida. A economia global também é afetada, com aumento dos custos de saúde devido a tratamentos mais complexos e prolongados, e perda de produtividade devido a doenças mais graves e prolongadas. A OMS e outras agências de saúde pública estão implementando estratégias para combater essa ameaça, que incluem a promoção do uso racional de antibióticos, o investimento em pesquisa e desenvolvimento de novos medicamentos e vacinas, e a melhoria da vigilância epidemiológica para monitorar a propagação da RAM. A colaboração internacional é essencial, pois as bactérias não conhecem fronteiras e a resistência a antibióticos é um problema verdadeiramente global que exige uma resposta coordenada em todos os níveis: governamental, profissional de saúde, agrícola e individual. A conscientização pública sobre a importância do uso correto de antibióticos e a prevenção de infecções através de medidas de higiene básicas, como a lavagem das mãos, tornam-se ferramentas fundamentais nessa luta