Debandada Geral: PL Antiterrorismo de Derrite Sofre Revés e Ameaça o Governo Lula
O Secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, anunciou o recuo em sua intenção de alterar a Lei Antiterrorismo para ampliar a competência investigativa da Polícia Federal em casos de organizações criminosas. A decisão surge após intensa repercussão negativa e pressão de diversos setores, incluindo o Congresso Nacional e a própria base aliada do ex-presidente Jair Bolsonaro. A proposta, que inicialmente era defendida por Derrite como um avanço no combate ao crime organizado, acabou sendo vista como uma armadilha política e uma tentativa de controle sobre a PF, gerando receios sobre possíveis abusos e a descaracterização das atribuições de outros órgãos de segurança. Essa reviravolta levanta questionamentos sobre a articulação política em torno de pautas sensíveis e a capacidade do governo em antecipar as reações do espectro político. A equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou alívio com o recuo, evidenciando a preocupação com os desdobramentos que poderiam prejudicar a governabilidade e gerar um clima de instabilidade política. A percepção é de que o projeto, ao ser apresentado sem o devido debate e consenso, acabou por criar uma cilada para seus próprios defensores, especialmente após a indicação de Derrite como relator. Seus críticos argumentam que a manobra visava, na verdade, conferir mais poder ao Executivo federal em detrimento da autonomia policial e da atuação estadual, abrindo margem para perseguições políticas. A retirada de pauta do projeto, ou a sua reformulação profunda, parece ser o caminho mais prudente para evitar mais desgastes e garantir que qualquer alteração legislativa em matérias tão cruciais seja feita com transparência, rigor técnico e amplo diálogo. A falta de clareza sobre os reais objetivos e o método de articulação falha demonstraram o quão complexo é o cenário político atual, onde até mesmo pautas aparentemente técnicas podem se tornar focos de intensa disputa. A iniciativa de Derrite, ao invés de fortalecer o combate ao crime, acabou por expor fragilidades na sua concepção e execução, servindo como um alerta para futuras proposições legislativas que envolvam a segurança pública e as instituições democráticas do país.