Racha na Direita: Prefeito do PL critica Bolsonaros e acusa clã de tentar blindar candidatura ao Senado em Santa Catarina
A recente disputa pela vaga ao Senado em Santa Catarina escancarou um racha que já se delineava entre os apoiadores Jair Bolsonaro e o próprio ex-presidente, que encontra dificuldades em manter a unidade de seu grupo político. Um prefeito filiado ao PL, partido de Bolsonaro, disparou fortes críticas contra Carlos e Eduardo Bolsonaro, afirmando que os apoiadores não são “gado” e não aceitarão imposições. Essa declaração evidencia a tensão crescente e a insatisfação com a forma como as candidaturas e o grupo político têm sido geridos, especialmente na ausência mais proeminente do próprio Jair Bolsonaro, que tem se resguardado nos bastidores após o fim de seu mandato. A briga pelo Senado catarinense se tornou um palco para essa pulverização de lideranças e divergências ideológicas e táticas. A mídia tem acompanhado de perto esses desdobramentos, com reportagens que detalham o enfraquecimento da coesão do bolsonarismo, que já foi um movimento com forte apelo unificado e centralizado na figura de seu líder. A tentativa do “clã Bolsonaro” de se proteger ou impor suas vontades em candidaturas regionais, como a de Santa Catarina, tem gerado reações negativas e questionamentos sobre a autenticidade democrática do movimento. Figuras como Carlos Bolsonaro, apelidado de “Carluxo” por alguns veículos de imprensa, é apontado como um dos articuladores dessas divisões, atuando como um “forasteiro divisor” em disputas locais. Essa postura de intervenção em diferentes estados, sem necessariamente ter uma base eleitoral sólida nessas regiões, tem criado atritos com lideranças locais e com o próprio eleitorado que busca autonomia em suas escolhas. O episódio em Santa Catarina é sintomático e reflete um problema mais amplo que pode comprometer o futuro da direita no cenário político brasileiro. A fragmentação do bolsonarismo e a dificuldade em gerenciar as divergências internas podem acabar fragilizando futuras campanhas e a própria capacidade de articulação política do grupo. A falta de um líder central ativo e a ausência de um projeto político com propostas claras e inclusivas para além do discurso conservador têm levado a um vácuo que é preenchido por disputas de poder e interesses particulares. A lição que a direita brasileira parece não querer aprender é que a ausência de diálogo e a imposição de vontades podem levar à autodestruição. O caso catarinense, em particular, demonstra a complexidade do cenário político brasileiro, onde as alianças e as divergências se formam e se desfazem em meio a um tabuleiro de interesses e ambições. A forma como o grupo bolsonarista lidará com essas tensões internas e a sua capacidade de se reorganizar e apresentar propostas unificadoras serão determinantes para o seu futuro e para o cenário político brasileiro como um todo. O desafio agora é se o bolsonarismo conseguirá superar suas próprias contradições e se reinventar ou se fadará a um destino de fragmentação e irrelevância. Este racha demonstra que a força do movimento, que antes parecia inabalável, agora enfrenta a dura realidade da gestão política e da necessidade de consenso, mesmo entre aqueles que compartilham ideais. A democracia exige diálogo e respeito às diferentes vozes, e é nesse aspecto que o grupo liderado por Bolsonaro parece ter falhado em Santa Catarina e em outros palcos.