Em seu discurso na recente Cúpula dos BRICS, o presidente russo Vladimir Putin declarou abertamente que o modelo de globalização liberal que tem dominado as relações internacionais nas últimas décadas está em franco declínio. Para Putin, essa constatação não é apenas uma observação, mas um chamado à reconfiguração das alianças e das práticas econômicas globais. A defesa enfática do aumento das transações comerciais em moedas locais entre os membros do bloco, como forma de contornar a dependência das moedas ocidentais e sanções financeiras, reforça essa visão de um mundo multipolar em construção. Essa postura alinha-se com os esforços de países como China e Rússia em desafiar o status quo financeiro internacional, buscando maior autonomia e reduzindo vulnerabilidades em um cenário geopolítico cada vez mais tenso. A discussão sobre a prisão de Putin no Brasil, caso ele tivesse comparecido à cúpula, evidencia as complexas ramificações legais e políticas que o líder russo enfrenta no cenário internacional, especialmente considerando as mandados de prisão emitidos pelo Tribunal Penal Internacional. Essa situação hipotética ressalta a polarização global e os dilemas que países como o Brasil enfrentam ao sediar eventos onde figuras sob escrutínio internacional estão presentes. O bloco BRICS, que engloba Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, tem buscado fortalecer sua cooperação econômica e política, explorando alternativas ao sistema financeiro dominante. A discussão sobre a viabilidade e o impacto futuro de uma moeda dos BRICS, que já é um tema há uma década, continua sendo um ponto central nesse debate. A propaganda russa associada à presença do país no BRICS, com imagens de Putin e mensagens assertivas, sugere uma estratégia de comunicação para reforçar a imagem do líder e do país em um contexto de crescente nacionalismo e afirmação de soberania, mas também levanta preocupações sobre discursos agressivos e ameaças em um fórum de cooperação. O fortalecimento do bloco BRICS e a busca por maior autonomia financeira e diplomática por parte de seus membros representam uma tentativa de redefinir a ordem mundial, desafiando a influência das potências ocidentais e promovendo um modelo de governança global mais inclusivo e diversificado, embora os desafios para alcançar tais objetivos sejam significativos e o caminho para a implementação de uma moeda comum permaneça incerto.