Putin na Cúpula do Brics: Defesa de moedas locais e declarações polêmicas
Durante a cúpula do Brics, Vladimir Putin, falando remotamente de Moscou, defendeu veementemente a ampliação das transações comerciais utilizando moedas locais entre os países membros. Essa proposta visa reduzir a dependência do dólar americano e fortalecer a soberania econômica das nações emergentes. A iniciativa, que já é discutida há uma década, busca criar um sistema financeiro alternativo, capaz de impulsionar o comércio e os investimentos dentro do bloco, contornando as sanções e a influência de moedas hegemônicas.
A retórica de Putin não se limitou à economia. Em uma declaração que gerou repercussão internacional, o líder russo afirmou que a globalização liberal está obsoleta e que o futuro pertence aos países emergentes, sugerindo uma reconfiguração da ordem mundial. Além disso, uma mensagem de propaganda russa associada ao evento continha a ameaça: Quem nos ofender não viverá. Essa fala, exibida ao lado de quadros com a imagem de Putin, foi interpretada como um aviso aos países ocidentais e um sinal de assertividade do Kremlin no cenário geopolítico.
A participação de Putin na cúpula gerou controvérsias logísticas, com a notícia de que o Brasil não transmitiria seu discurso ao vivo, embora o evento tenha cobertura global via Bloomberg e outros meios. Essa decisão levanta questões sobre as relações diplomáticas e a postura do país anfitrião diante das declarações e da posição política do líder russo. A ausência de transmissão oficial por parte do Brasil pode ser interpretada como um distanciamento estratégico em relação a algumas das posições mais radicais defendidas por Moscou.
A aposta em uma moeda dos Brics, discutida há mais de dez anos, ainda é vista por muitos como um sonho distante, segundo análises do mercado. Apesar do potencial de fortalecimento econômico e da busca por alternativas ao sistema financeiro global existente, a implementação prática enfrenta desafios significativos, como a harmonização de políticas econômicas entre países com realidades distintas e a criação de mecanismos de estabilidade para uma nova moeda. A persistência nessa discussão, no entanto, demonstra a ambição do bloco em moldar um novo cenário financeiro internacional.