Promotoria de Milão investiga italianos por supostos safáris humanos na Bósnia
A promotoria de Milão, na Itália, abriu uma investigação que apura supostos crimes de guerra cometidos por cidadãos italianos durante o conflito na Bósnia, ocorrido nos anos 1990. As denúncias, que ganharam força recentemente, apontam para a organização de atividades criminosas que teriam transformado a guerra em um cenário de caça humana, onde civis desarmados eram alvos de estrangeiros. Estes indivíduos, motivados por ganhos financeiros e por uma perversa busca por adrenalina, teriam pago quantias significativas para ter a oportunidade de atirar contra pessoas inocentes, em atos desumanos que configurariam o que se tem chamado de “safári humano”. A investigação busca reunir provas e identificar os responsáveis por esses atos abomináveis que mancham a memória de um dos conflitos mais brutais da Europa pós-Segunda Guerra Mundial. Os valores envolvidos, que segundo as primeiras apurações ultrapassam os R$ 600 mil, indicam uma rede organizada e um mercado sinistro para a impunidade e a barbárie. A Guerra da Bósnia (1992-1995) foi marcada por um conflito étnico complexo e sangrento, que resultou em massacres, limpeza étnica e crimes contra a humanidade. A atuação de grupos paramilitares e o envolvimento de estrangeiros na guerra não é um fenômeno inédito, mas a ideia de “turismo” para matar civis, com pagamento de valores explícitos, eleva a gravidade das acusações a um patamar alarmante. Este inquérito em Milão busca não apenas responsabilizar os envolvidos, mas também lançar luz sobre as profundezas da crueldade humana e as formas como conflitos armados podem ser explorados por indivíduos inescrupulosos. A promotoria terá a difícil tarefa de investigar e apresentar evidências concretas em um contexto de guerra prolongada e difusa, onde o acesso à justiça para as vítimas é um desafio constante. A comunidade internacional acompanha com apreensão os desdobramentos desta investigação, que pode expor mais um capítulo sombrio da história recente da Europa e reforçar a importância da justiça transicional e da luta contra a impunidade.