Primeiro Pulmão de Porco Transplantado em Humano Funciona por Nove Dias
Cientistas anunciaram um avanço notável na área da xenotransplantação com o primeiro transplante bem-sucedido de um pulmão de porco geneticamente modificado para um corpo humano. O órgão demonstrou capacidade de funcionar por um período de nove dias antes de ser removido, marcando um passo promissor na busca por soluções para a escassez de órgãos para transplante. O paciente em questão, que sofria de uma doença pulmonar incurável, foi conectado a um coração-pulmão artificial após a remoção de seus próprios pulmões, e o novo órgão foi integrado ao seu sistema circulatório. Essa etapa crucial demonstrou que o pulmão de porco poderia realizar as funções vitais de oxigenação do sangue e remoção de dióxido de carbono, com o apoio dos órgãos remanescentes do paciente e da máquina de suporte à vida.
A modificação genética do pulmão suíno foi essencial para o sucesso inicial. Os cientistas introduziram dez genes de porco humanos no genoma do animal doador, enquanto outros genes do porco que poderiam causar rejeição foram desativados. Essa abordagem visa minimizar a resposta imune do receptor humano, um dos maiores obstáculos históricos em procedimentos de xenotransplantação. A equipe observou que, embora o órgão tenha sido removido após nove dias, não houve sinais imediatos de rejeição hiperaguda, um tipo de rejeição que pode ocorrer em minutos ou horas após o transplante. Esse período estendido de funcionamento é um indicativo positivo do potencial dessas modificações genéticas.
O contexto para essa pesquisa é a grave crise global de escassez de órgãos para transplante. Milhares de pessoas aguardam em filas por um órgão, e a taxa de mortalidade entre os que estão na lista de espera é elevada. A xenotransplantação, o transplante de órgãos entre espécies diferentes, surge como uma alternativa promissora para suprir essa demanda. Porcos são considerados doadores ideais devido ao tamanho e à fisiologia de seus órgãos, que são semelhantes aos humanos, além de sua rápida taxa reprodutiva e facilidade de criação em ambientes controlados.
Os próximos passos da pesquisa envolverão a continuação dos testes em pacientes com morte cerebral, com o objetivo de estender ainda mais o tempo de funcionamento dos pulmões transplantados e avaliar a resposta imune ao longo do tempo. Paralelamente, os cientistas estão trabalhando em aprimorar as técnicas de modificação genética e desenvolver métodos mais eficazes para suprimir a resposta imune, buscando um dia viabilizar transplantes definitivos de órgãos de porco para humanos. Esse avanço representa um raio de esperança para milhões de pacientes que necessitam de transplantes e pode redefinir o futuro da medicina regenerativa.