Presidente da Colômbia acusa EUA de ‘tirania’ em ataques contra supostos barcos com drogas no Caribe
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, em uma entrevista contundente à BBC, classificou os ataques militares realizados pelos Estados Unidos contra supostos barcos transportando drogas no Mar do Caribe como um ‘ato de tirania’. Petro expressou profundo descontentamento com a política antidrogas dos EUA, que ele argumenta, tem levado a ações unilaterais e violentas sem a devida consideração pela soberania colombiana ou pelos acordos internacionais. A declaração surge em meio a tensões diplomáticas crescentes entre os dois países, expondo a divergência de abordagens na complexa guerra global contra o narcotráfico. Petro tem defendido uma estratégia focada em erradicar as causas sociais e econômicas do cultivo de drogas, em vez de apenas combater o transporte e erradicar plantações, o que ele considera superficial e ineficaz a longo prazo.
As críticas do líder colombiano não se limitaram à entrevista. Durante sua participação na Assembleia Geral das Nações Unidas, Petro utilizou o púlpito internacional para solicitar formalmente que a ONU inicie processos criminais contra o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A acusação está relacionada a supostos ataques ordenados por Trump contra embarcações colombianas, que, segundo Petro, foram executados sem qualquer base legal aparente e representaram uma violação clara do direito internacional. A comitiva de Trump reagiu à fala de Petro abandonando a Assembleia, sinalizando a gravidade da discordância e o impacto que as palavras do presidente colombiano tiveram no cenário diplomático.
A Casa Branca, por sua vez, defendeu as ações americanas e a posição de Trump, contestando as acusações feitas pela Colômbia e reiterando o compromisso dos EUA no combate ao narcotráfico. A resposta americana sublinha a dicotomia fundamental entre as duas nações quanto aos direitos de soberania, a interpretação do direito internacional em operações antidrogas e, em última instância, a eficácia das estratégias empregadas. O conflito de narrativas levanta questões importantes sobre a cooperação internacional em segurança e a necessidade de um diálogo mais aprofundado para resolver disputas sobre jurisdição e soberania em operações transnacionais.
Este episódio mais recente reflete um padrão histórico de divergências entre a Colômbia e os Estados Unidos sobre a política de drogas. Enquanto os EUA tradicionalmente priorizaram a repressão e o combate militar ao narcotráfico, a Colômbia, sob a liderança de Petro, tem buscado um caminho alternativo, que inclui o investimento em desenvolvimento rural, programas de substituição de cultivos e a legalização de algumas substâncias psicoativas. A postura de Petro é vista por alguns como um marco na reorientação da política de drogas da América Latina, buscando um modelo mais humano e sustentável que aborde as raízes do problema, em vez de apenas lidar com seus sintomas mais visíveis e violentos.