Presidente da Colômbia acusa Trump de rude e ignorante em meio a tensões sobre guerra às drogas
As declarações do presidente colombiano Gustavo Petro, que chamou Donald Trump de rude e ignorante, marcam um novo capítulo na tensa relação entre os dois países, especialmente no que tange à política de combate às drogas. Petro argumenta que o problema da produção de cocaína na Colômbia está intrinsecamente ligado ao alto consumo nos Estados Unidos e que a abordagem unilateral e militarizada promovida por Washington ao longo de décadas não tem sido eficaz. Ele defende uma estratégia que vá além da erradicação forçada, focando em alternativas econômicas para os agricultores e abordando as causas sociais e econômicas que impulsionam o cultivo. Essa visão contrasta diretamente com a abordagem punitivista frequentemente defendida por Trump, que tende a culpar os países produtores e a ameaçar com intervenções, desconsiderando, segundo Petro, a complexidade da questão e a responsabilidade compartilhada. A convocação do embaixador colombiano nos EUA para consultas no início de 2024 pelos próprios Estados Unidos, em resposta às declarações de Petro, evidencia a gravidade da crise diplomática. Essa medida, embora de caráter temporário, sinaliza um alto grau de desacordo e insatisfação por parte americana com a postura colombiana, que agora se vê sob um escrutínio ainda maior, com preocupações sobre possíveis sanções ou até mesmo intervenções militares, uma retórica que tem ressoado com força em alguns setores da mídia e política norte-americana. O aumento no cultivo de coca na Colômbia sob a administração Petro tem sido um ponto de atrito significativo. Dados recentes indicam um crescimento na área plantada, o que serve de munição para os críticos da política de drogas do governo colombiano e para aqueles que defendem uma postura mais dura por parte dos Estados Unidos. Trump, em particular, tem usado esses números para justificar suas críticas e ameaças, pintando um quadro simplista de falha na política de segurança colombiana. No entanto, a perspectiva de Petro é que o aumento da produção de coca não é um reflexo de falha incondicional, mas sim de um ciclo vicioso onde a pressão por erradicação sem o fornecimento de alternativas viáveis de subsistência apenas desloca o problema e aprofunda a pobreza nas regiões rurais. A segurança nacional dos Estados Unidos é frequentemente invocada como justificativa para a intervenção e pressão sobre a Colômbia, mas a argumentação de Petro sugere que a verdadeira segurança virá de uma abordagem mais colaborativa e focada nos fatores determinantes, incluindo a demanda interna de drogas nos EUA. Essa redefinição de responsabilidades e abordagens é vista como essencial para romper um ciclo de violência e instabilidade que assola a América Latina há décadas, e que a guerra contra as drogas, como tradicionalmente concebida pelos EUA, tem, em muitos aspectos, perpetuado.