A notícia da morte de Odete Roitman, a inesquecível vilã interpretada por Beatriz Segall na novela Vale Tudo, transcendeu as telas e chegou aos confessionários de forma surpreendente. Um padre em Santa Catarina, ao receber um pedido de oração pela alma da personagem, demonstrou uma ecumênica acolhida que viralizou nas redes sociais. O episódio, que à primeira vista pode parecer inusitado, revela a profunda conexão que o público estabelece com personagens fictícios, a ponto de invocarem uma intercessão espiritual por eles, mesmo após o fim de suas jornadas na ficção. Essa atitude, longe de ser uma irreverência, pode ser vista como um testemunho do impacto cultural duradouro de obras que mexem com o imaginário coletivo, tornando personagens memoráveis quase como figuras públicas ou entes queridos para muitos espectadores. A capacidade de uma narrativa ficcional de evocar emoções tão genuínas que levem à busca por consolo espiritual é um fenômeno digno de análise literária e sociológica, demonstrando como a arte, em suas diversas formas, molda nossas percepções e interações com o mundo, extrapolando os limites da própria obra e influenciando o cotidiano.