A Operação Rejeito, deflagrada pela Polícia Federal, desvendou um complexo esquema de fraude ambiental ligado à mineração ilegal em Minas Gerais, com ramificações que atingem diretamente a Serra do Curral, um dos mais importantes cartões-postais de Belo Horizonte. A ação policial expôs a destruição que ocorre sob o disfarce da paisagem verde, levantando sérias preocupações sobre a fiscalização e regulação do setor mineral no estado. A investigação aponta para uma atuação fraudulenta na obtenção e manutenção de licenças ambientais, o que sugere uma fragilidade estrutural nos órgãos responsáveis pelo controle e supervisão, incluindo a Agência Nacional de Mineração (ANM). A extensão dos danos ambientais causados pela mineração ilegal, muitas vezes associada a dejetos e rejeitos perigosos, representa um ameaça à biodiversidade local e aos recursos hídricos, cujas consequências podem ser devastadoras a longo prazo. A Serra do Curral, em particular, sofre com a pressão constante do avanço irregular da mineração, comprometendo sua integridade ecológica e paisagística. Paralelamente à operação, surgiram informações sobre o envolvimento de figuras políticas no beneficiamento ou na facilitação das atividades investigadas. Um decreto assinado pelo Governador de Minas Gerais, Romeu Zema, teria beneficiado o grupo alvo da investigação, enquanto a prisão de um indivíduo ligado à operação revelou conexões com o meio político, incluindo apoio de figuras como Nikolas Ferreira e Jair Bolsonaro para cargos no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG). A situação levou à convocação da secretária de Meio Ambiente de Minas Gerais para prestar esclarecimentos à Assembleia Legislativa sobre as fraudes ambientais, indicando a gravidade da crise e a necessidade de respostas contundentes por parte das autoridades competentes. Esses eventos demandam uma análise profunda dos mecanismos de controle e fiscalização ambiental e mineral em Minas Gerais e no Brasil, visando garantir que a exploração de recursos naturais ocorra de forma sustentável e responsável, sem comprometer o meio ambiente e a qualidade de vida das comunidades.