Uma onda de protestos massivos tomou conta do Nepal, resultando em um saldo trágico de mais de 50 mortos e a fuga de aproximadamente 12.500 detentos. As manifestações, que ganharam força com o engajamento da juventude nepalesa, têm como pano de fundo a insatisfação popular com a corrupção e a crise econômica que assola o país asiático. A violência que marcou esses eventos levanta sérias preocupações sobre a estabilidade política e social no Nepal. A percepção generalizada de que o governo não tem conseguido gerir eficazmente os recursos públicos e combater a corrupção tem sido um dos principais catalisadores para a insatisfação popular. A lentidão em reformas políticas e econômicas, aliada a escândalos de corrupção envolvendo figuras públicas, tem alimentado um sentimento de desilusão entre os cidadãos, especialmente os mais jovens, que buscam um futuro mais próspero e justo. Um aspecto interessante e preocupante que emergiu nesses protestos é o papel das redes sociais e o fenômeno dos ‘nepo kids’ – filhos de pessoas influentes e poderosas que utilizam as plataformas digitais para exibir um estilo de vida luxuoso e privilegiado. Essa ostentação, em contraste com a realidade de dificuldades enfrentada pela maioria da população, serviu como um gatilho emocional, exacerbando a revolta contra a desigualdade social e a percepção de impunidade para uns. A natureza generalizada da crise e a participação ativa da juventude, muitas vezes referida como a ‘geração Z’, indicam que as causas dos protestos vão além de questões pontuais. Há um questionamento mais profundo sobre o sistema político, a distribuição de riqueza e as oportunidades disponíveis para a nova geração. A frustração acumulada pode levar a um reexame das atuais estruturas de poder e a um clamor por mudanças mais estruturais. Os eventos recentes no Nepal servem como um alerta para governos em todo o mundo sobre a importância de atender às demandas da população, combater a corrupção de forma eficaz e promover a igualdade social. A insatisfação latente, quando não abordada, pode eruptar em manifestações violentas e desestabilizadoras, exigindo uma resposta cuidadosa e abrangente que aborde tanto as causas imediatas quanto as raízes sistêmicas dos problemas.