Música no Bloco Cirúrgico: Pacientes tocam instrumentos durante cirurgia cerebral para Parkinson
A prática de pacientes tocando instrumentos musicais durante cirurgias cerebrais, especialmente para o tratamento da doença de Parkinson, tem ganhado destaque como uma abordagem inovadora na neurocirurgia. Essencialmente, essa técnica, conhecida como musicoterapia interativa, permite que os cirurgiões monitorem em tempo real a atividade neural do paciente enquanto ele executa tarefas musicais específicas. Instrumentos como o clarinete, saxofone e violão são frequentemente escolhidos devido à sua complexidade e exigência de coordenação motora fina, aspectos cruciais para avaliar a eficácia da cirurgia em áreas do cérebro responsáveis pelo movimento e controle motor. A doença de Parkinson é uma condição neurodegenerativa progressiva que afeta principalmente os neurônios produtores de dopamina no cérebro. A dopamina é um neurotransmissor vital para a regulação do movimento, humor e outras funções. A perda desses neurônios leva aos sintomas característicos da doença, como tremores, rigidez muscular, lentidão de movimentos e problemas de equilíbrio. A estimulação cerebral profunda (DBS) é um dos tratamentos mais eficazes para gerenciar os sintomas de Parkinson, e a música desempenha um papel crucial na otimização deste procedimento. Durante a cirurgia de DBS, é comum que os cirurgiões incentivem os pacientes a realizar ações motoras enquanto os eletrodos são implantados e posicionados. A música oferece um estímulo constante e motivador para que o paciente mantenha a coordenação e a precisão dos movimentos facetais, permitindo que a equipe médica identifique com maior precisão os pontos alvo no cérebro, que melhor responderão à estimulação elétrica. A capacidade de um paciente tocar um instrumento com fluidez e sem tremores excessivos é um indicador direto do sucesso do posicionamento dos eletrodos, garantindo que a estimulação neural seja o mais eficaz possível para aliviar os sintomas parkinsonianos. O impacto psicológico dessa abordagem também é notável. Para muitos pacientes com Parkinson, a música não é apenas um hobby, mas uma parte intrínseca de suas vidas e identidade. Permitir que continuem a tocar durante um procedimento cirúrgico tão delicado proporciona um senso de normalidade, controle e empoderamento em um momento de vulnerabilidade. A concentração necessária para a performance musical pode desviar o foco do paciente do desconforto da cirurgia, além de proporcionar uma melhora significativa no bem-estar emocional. A combinação dos benefícios neurológicos e psicológicos faz da musicoterapia interativa uma ferramenta valiosa na neurocirurgia moderna.