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Mulheres brasileiras escolarizadas têm menos filhos e adiam maternidade, aponta Censo

Os dados mais recentes do Censo Demográfico, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), confirmam uma tendência já observada nas últimas décadas: a relação inversa entre o nível de escolaridade das mulheres brasileiras e o número de filhos que elas têm. Quanto maior o grau de instrução alcançado pelas mulheres, menor tende a ser a sua taxa de fecundidade. Essa correlação pode ser explicada por diversos fatores, incluindo o maior acesso à informação sobre planejamento familiar, a priorização da carreira profissional e a busca por uma maior estabilidade financeira antes de decidir ter filhos.

A pesquisa também revela um aumento significativo na idade média em que as brasileiras se tornam mães. Se antes a maternidade ocorria em idades mais precoces, hoje é comum que mulheres adiem esse momento para além dos 25 ou 30 anos. Esse adiamento da maternidade está diretamente ligado à busca por consolidação profissional e educacional, além de uma maior reflexão sobre a responsabilidade e os custos envolvidos na criação de um filho em um contexto socioeconômico cada vez mais desafiador. A consequência imediata dessa tendência é a queda drástica no número de nascimentos registrados no país.

Em contrapartida, o Censo Demográfico também aponta para particularidades no comportamento reprodutivo de diferentes grupos religiosos. Segundo os dados, as mães evangélicas tendem a ter um número de filhos superior à média nacional e também em comparação com outras denominações religiosas. Esse dado sugere que fatores culturais e religiosos podem exercer uma influência relevante nas decisões sobre o tamanho da família, moldando padrões reprodutivos que se diferenciam dentro do mosaico social brasileiro.

Os dados coletados permitem uma análise aprofundada do perfil demográfico do Brasil e dos fatores que moldam as escolhas reprodutivas das mulheres. A tendência de famílias menores, especialmente entre as mulheres mais escolarizadas, e o adiamento da maternidade são reflexos de transformações sociais, econômicas e culturais que continuam a redefinir a dinâmica populacional do país. A análise comparativa entre estados, como evidenciado em outras reportagens, também mostra heterogeneidades regionais nesse cenário complexo.