Aos 106 anos, o mundo da luta por justiça e memória perde uma de suas mais importantes guerreiras: Rosa Roisinblit. Como vice-presidente das Avós da Praça de Maio, Rosa dedicou décadas de sua longa vida a encontrar e dar identidade aos netos e filhos que foram roubados de suas famílias durante a ditadura militar argentina (1976-1983). Sua partida deixa um vazio imensurável, mas também um legado de coragem, perseverança e amor inabalável pela verdade. A organização Avós da Praça de Maio, fundada em 1977, tornou-se um símbolo global da resistência contra a opressão e um farol de esperança para inúmeras famílias devastadas pela repressão. Rosa Roisinblit foi uma das pilastras dessa organização, participando ativamente de cada passo na busca incessante por justiça e na restituição da identidade a centenas de crianças que foram confiscadas de seus pais desaparecidos para serem criadas por outras famílias, muitas vezes ligadas ao regime ditatorial. Sua trajetória pessoal, marcada pela experiência dolorosa da perda e pela subsequente dedicação à causa, inspirou gerações e continuará a ser uma fonte de força para ativistas e defensores dos direitos humanos em todo o mundo. O trabalho das Avós da Praça de Maio, em grande parte impulsionado por figuras como Rosa, não se limitou à busca por parentes; foi uma batalha pela recuperação da história, pela verdade sobre os crimes cometidos pelo Estado e pela garantia de que tais atrocidades nunca mais se repitam. Através de exames de DNA e uma rede de apoio internacional, a organização conseguiu identificar e reunir muitos dos netos desaparecidos, um feito monumental que trouxe alívio e reconhecimento para famílias destroçadas. A morte de Rosa Roisinblit é um lembrete pungente da urgência em defender a democracia e os direitos humanos, combatendo o negacionismo e o revisionismo histórico que tentam apagar memórias dolorosas, mas essenciais para a construção de um futuro mais justo e consciente.