Morre Jaguar, fundamental cartunista e fundador de O Pasquim, aos 93 anos
O mundo das artes e do jornalismo brasileiro está de luto com a notícia do falecimento de Jaguar, cartunista renomado e figura central na fundação do icônico jornal O Pasquim. Com 93 anos, Jaguar nos deixa um legado de irreverência, crítica social e um traço inconfundível que marcou época durante a ditadura militar no Brasil. Sua obra, além de divertir, desafiava o status quo e oferecia uma perspectiva única sobre a realidade do país.
Jaguar, cujo nome verdadeiro era Sergio de Jesus, foi um dos pilares na criação de O Pasquim em 1969, um jornal que se tornou símbolo de resistência e liberdade de expressão em um dos períodos mais sombrios da história brasileira. Ao lado de outros grandes nomes como Millôr Fernandes, Ziraldo e Henfil, Jaguar utilizou o humor e a charge para driblar a censura e criticar o regime militar, consolidando o Pasquim como uma publicação de vanguarda e de imensa importância cultural e política.
A sua trajetória artística é vasta e diversificada, abrangendo não apenas o cartum, mas também a ilustração, a pintura e a atuação. Jaguar possuía um estilo singular, caracterizado por personagens expressivos e por uma habilidade ímpar em capturar a essência da sociedade brasileira através do humor ácido e inteligente. Seu trabalho atravessou décadas, adaptando-se aos novos tempos sem perder sua essência contestadora e sua genialidade.
O cartunista expressou em vida o desejo de ter suas cinzas espalhadas pelos bares que frequentou, um reflexo de sua personalidade boêmia e de sua profunda conexão com os locais que inspiraram sua arte e seu pensamento. A sua partida representa uma perda irreparável para a cultura brasileira, mas seu trabalho continuará vivo, inspirando novas gerações de artistas e cidadãos a questionar, criticar e a buscar um Brasil mais justo e livre.