Javier Milei, após assegurar sua vitória nas eleições presidenciais argentinas, está avançando com sua agenda reformista, com foco especial em mudanças estruturais na legislação trabalhista. Uma das propostas mais proeminentes é a ampliação da jornada de trabalho diária para até 12 horas, uma medida que contrasta significativamente com as normas vigentes em muitos países democráticos e que tem gerado intenso debate nacional e internacional. Os defensores da medida argumentam que essa flexibilização é crucial para aumentar a produtividade, atrair investimentos e tornar a economia argentina mais competitiva no cenário global. A visão é que a rigidez das leis trabalhistas atuais limita a capacidade das empresas de se adaptarem às demandas do mercado e freia a criação de empregos. Por outro lado, críticos e sindicatos expressam profunda preocupação com as possíveis consequências para os direitos dos trabalhadores e o bem-estar social. Há temores de que essa mudança possa levar a uma precarização das condições de trabalho, a um aumento do esgotamento físico e mental dos empregados e a uma diminuição da qualidade de vida, além de potenciais impactos negativos na saúde pública. O debate se insere em um contexto mais amplo de polarização política e econômica na Argentina, onde diferentes visões sobre o papel do Estado na economia e a proteção dos trabalhadores disputam espaço. A proposta de Milei também reflete uma estratégia política de romper com o status quo e oferecer uma alternativa radical a modelos desenvolvimentistas anteriores, apostando em uma abordagem liberalizante que promete liberar o potencial empreendedor do país. Essa estratégia, apelidada de “nós contra eles” durante a campanha, buscou capitalizar o descontentamento popular com a situação econômica e as políticas tradicionais. No entanto, a implementação dessas reformas pode enfrentar resistência significativa tanto no Congresso quanto na sociedade civil. A experiência argentina com reformas econômicas é complexa, marcada por ciclos de instabilidade e por desafios persistentes, como a inflação crônica e a desigualdade social. A capacidade de Milei em navegar essas complexidades e equilibrar suas promessas de liberalização com a necessidade de coesão social e estabilidade será um fator determinante para o futuro do país. A comunidade internacional observa atentamente, ponderando se as audaciosas propostas de Milei podem, de fato, transformar a Argentina e servir de exemplo para outras nações que buscam rejuvenescer suas economias.