Sociedades médicas criticam veto de Ozempic e Saxenda no SUS para obesidade
Sociedades médicas e associações científicas expressaram forte descontentamento com a decisão da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) de não incluir medicamentos à base de semaglutida (princípio ativo do Ozempic) e liraglutida (princípio ativo do Saxenda) no rol de tratamentos oferecidos pelo SUS para a obesidade. A argumentação das entidades é que a exclusão desses medicamentos, que são considerados avançados no manejo da doença, restringe o acesso ao tratamento apenas para aqueles que possuem condições financeiras de arcar com os altos custos no mercado privado. A obesidade é reconhecida como uma doença crônica e complexa, com sérias implicações para a saúde pública, aumentando o risco de desenvolvimento de comorbidades como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, apneia do sono e certos tipos de câncer. A disponibilização de opções terapêuticas eficazes e acessíveis por meio do SUS é vista como fundamental para o controle dessa epidemia. O veto a essas novas classes de medicamentos para obesidade, que têm se mostrado eficazes em estudos clínicos na promoção da perda de peso e na melhora de parâmetros metabólicos, levanta preocupações sobre a equidade no acesso à saúde. Pacientes com obesidade severa ou que não responderam bem a tratamentos convencionais, como dieta, exercícios e outros medicamentos, podem ficar sem alternativas terapêuticas no serviço público, reforçando a desigualdade social no cuidado médico. Especialistas apontam que o uso desses medicamentos injetáveis, embora ainda caros, representa um avanço significativo, pois atuam em mecanismos fisiológicos relacionados à saciedade e ao controle do apetite, abordando as causas subjacentes da obesidade de forma mais efetiva do que abordagens anteriores. A incorporação ao SUS poderia não apenas melhorar a qualidade de vida de milhares de brasileiros, mas também reduzir a carga sobre o sistema de saúde a longo prazo, diminuindo a incidência de doenças associadas à obesidade e os custos com hospitalizações e tratamentos de condições crônicas. As sociedades médicas esperam que a Conitec reavalie sua decisão, considerando o impacto da não incorporação na saúde da população e a necessidade de oferecer tratamentos baseados em evidências científicas atualizadas. A expectativa é que o debate público e a pressão das comunidades médica e assistida possam levar a uma reconsideração, garantindo que o SUS possa oferecer opções terapêuticas modernas e eficazes no combate à obesidade, uma das doenças que mais afetam a saúde pública no Brasil e no mundo.