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Marcha dos Povos reúne milhares em Belém contra crises e injustiças

A Marcha dos Povos, um grande encontro de movimentos sociais e populares, tomou as ruas de Belém atraindo milhares de participantes de diversas partes do Brasil e do mundo. O evento, que também se alinha a discussões da Cúpula dos Povos, teve como pauta central a denúncia e o protesto contra as múltiplas crises que afetam a sociedade contemporânea, incluindo a crise climática, a desigualdade social e a concentração de poder econômico e político. A mobilização buscou dar visibilidade às vozes marginalizadas e propor alternativas aos modelos de desenvolvimento vigentes, que muitos ativistas consideram insustentáveis e prejudiciais. A presença de representantes de movimentos como o MST, que lutam por reforma agrária e justiça social, demonstrou a amplitude da coalizão e a diversidade de pautas unidas em um objetivo comum de transformação societal. O chamado à ação ecoou com força, visando pressionar governos e corporações por mudanças concretas e urgentes, enfatizando a necessidade de uma transição justa para um futuro mais equitativo e sustentável. A articulação entre pautas locais e globais foi um dos pontos altos, conectando as lutas dos povos amazônicos e brasileiros com a resistência global contra a exploração e a destruição ambiental, reforçando a ideia de que os desafios enfrentados são interconectados e demandam soluções coletivas e solidárias.

A Cúpula dos Povos, que ocorre em paralelo a eventos de grande relevância global, serve como um espaço fundamental para que organizações da sociedade civil e movimentos sociais apresentem suas perspectivas e propostas à margem das discussões oficiais. Em Belém, a realização da Marcha dos Povos dentro deste contexto amplifica a voz dos participantes, conferindo maior peso às suas reivindicações. A escolha da Amazônia como palco para este grande ato reforça a urgência em discutir a proteção ambiental e os direitos das populações tradicionais, frequentemente impactadas por projetos de desenvolvimento predatório. O Tribunal dos Povos, que também se manifestou no evento, proferiu condenações simbólicas a estados e empresas por ecogenocídio, destacando a gravidade das ações que levam à destruição ambiental e à violação de direitos humanos, especialmente em regiões de grande biodiversidade como a Amazônia. Este ato simbólico, mas de forte impacto político e midiático, visa gerar reflexão e accountability por parte dos atores responsáveis pelos danos ambientais e sociais.

A crise climática global foi um dos temas centrais da Marcha Mundial pelo Clima em Belém, parte integrante da Marcha dos Povos. As discussões abordaram os impactos acelerados do aquecimento global, com foco especial nas consequências para regiões vulneráveis como a Amazônia. Movimentos ambientalistas e sociais denunciaram a inação de governos e a responsabilidade de grandes corporações na intensificação do problema. A busca por soluções baseadas na justiça climática, que priorizam as comunidades mais afetadas e promovem a transição para energias limpas e economias sustentáveis, foi um clamor unânime. A integração da pauta climática com as lutas por justiça social e econômica sublinha a compreensão de que a proteção ambiental não pode ocorrer isoladamente, mas sim em conjunto com a superação das desigualdades e a garantia de direitos para todos. A mobilização em Belém serviu como um alerta potente sobre a necessidade de ações imediatas.

A diversidade de participantes da Marcha dos Povos, que incluiu desde ativistas ambientais e defensores dos direitos humanos até representantes de comunidades indígenas, quilombolas e trabalhadores rurais, evidenciou a convergência de lutas contra um sistema que, segundo os manifestantes, promove exploração e exclusão. A realização de debates, oficinas e atos culturais ao longo do evento permitiu aprofundar a compreensão sobre os desafios enfrentados e fortalecer a articulação entre os diferentes coletivos. A Venezuela esteve representada, trazendo à tona discussões sobre soberania, sanctions internacionais e os desafios enfrentados por países que buscam trilhar caminhos alternativos. A manifestação em Belém não buscou apenas protestar, mas também construir pontes e fortalecer redes de solidariedade e ação conjunta, visando inspirar e mobilizar um número ainda maior de pessoas em defesa de um futuro mais justo e sustentável para todos, conectando as realidades locais com os debates globais sobre alternativas ao capitalismo extrativista.