Marcha contra Petróleo e Cúpula dos Povos em Belém: Indígenas e Movimentos Sociais Pressionam por Ações Climáticas na COP30
A cidade de Belém, no Pará, foi palco de uma grande manifestação contra a exploração de petróleo e em defesa do clima, movimentando cerca de 20 mil pessoas em um ato que ocorreu em paralelo à COP30. A marcha, que percorreu as ruas da capital paraense, reuniu indígenas de diversas etnias sul-americanas, representantes de movimentos sociais, ambientalistas e cidadãos preocupados com os impactos das mudanças climáticas. O protesto teve como objetivo principal pressionar os governos e as grandes corporações a adotarem medidas mais efetivas e ambiciosas para a redução das emissões de gases de efeito estufa e para a transição energética, saindo do modelo fossilífero que tem sido um dos principais vetores do aquecimento global. A energia gerada pela marcha demonstrou a forte demanda da sociedade civil por justiça climática e por um futuro mais sustentável, em contraste com as negociações que muitas vezes se mostram lentas e aquém das necessidades urgentes.
Um dos pontos altos da mobilização foi a união dos povos indígenas sul-americanos, que marcharam juntos em defesa de seus territórios e direitos ancestrais. Para essas populações, que vivem em íntima conexão com a natureza e são guardiãs de biomas cruciais, como a Amazônia, a luta contra o avanço da exploração de petróleo, do desmatamento e de outros projetos predatórios é uma questão de sobrevivência. As reivindicações indígenas na COP30 incluíram o reconhecimento de suas terras, o direito à consulta prévia, livre e informada sobre projetos que afetem seus territórios e a valorização de seus conhecimentos tradicionais na busca por soluções climáticas. A presença marcante desses povos na marcha serviu como um poderoso lembrete de que qualquer ação climática que não considere os direitos e o protagonismo dos povos originários está fadada ao fracasso e à perpetuação de injustiças históricas.
O 6º dia da COP30 foi marcado por essa e outras iniciativas importantes, como a Cúpula dos Povos. Essa cúpula paralela agregou uma série de debates, atividades culturais e momentos de articulação política, dando voz a atores que muitas vezes são marginalizados nos fóruns oficiais. As discussões na Cúpula dos Povos abordaram temas como a dívida climática, com cobranças aos países desenvolvidos para que assumam a responsabilidade histórica pelas emissões e financiem a adaptação e a mitigação nos países em desenvolvimento. Além disso, foram debatidas alternativas econômicas e modelos de desenvolvimento que priorizem o bem-estar humano e a saúde do planeta, em contraposição ao extrativismo e ao capitalismo desenfreado que intensificam a crise climática. A diversidade de vozes e a riqueza de propostas surgidas nesses espaços evidenciaram a urgência de se construir um caminho diferente e mais justo.
A marcha contra o petróleo e a Cúpula dos Povos em Belém representaram, portanto, um contraponto fundamental às negociações formais da COP30. Enquanto os líderes mundiais discutem nas salas de convenções, as ruas e os espaços alternativos fervilharam com a energia e a urgência da sociedade civil e dos povos originários, que não aceitam mais protelações ou acordos vazios. A pressão exercida por esses grupos busca garantir que a COP30 não se torne apenas mais um encontro diplomático, mas sim um ponto de inflexão, onde compromissos concretos sejam assumidos para proteger o futuro do planeta e das próximas gerações, com ações efetivas contra a exploração de combustíveis fósseis e em prol de um modelo energético verdadeiramente limpo e justo para todos.